O zika vírus se espalha rapidamente pelo país e ainda não é totalmente conhecido dos pesquisadores, o que dificulta o encontro de soluções eficazes para enfrentá-lo. O zika veio da Polinésia Francesa, mas certamente sofreu mutações, pois até chegar no Brasil, não se tinha conhecimento que causava microcefalia e outras má formações congênitas em fetos.
Ainda não se sabe suas proporções e consequências de disseminação. 400 pesquisadores da Fiocruz Paraná estão empenhados em estudar o assunto em vários fatores: os pacientes, os transmissores e o vírus em si.
Claudia Nunes Duarte dos Santos, pesquisadora doutora em viroses emergentes e chefe do laboratório de virologia da Fiocruz Paraná, acredita que o mosquito Aedes aegypti pode não ser o único transmissor. “Descobriu-se que ele é pouco competente para transmitir zika. Levou a culpa, mas pode não ser só ele”, revela.
Como as formas de transmissão e o vírus não são totalmente conhecidos, não há vacina. Outras doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, deixam a pessoa “imunizada” após a primeira infecção. Já em relação ao zika, ainda não se sabe se existe essa imunização natural ou se a pessoa pode ser reinfectada.
A Fiocruz estuda um teste sorológico para facilitar o diagnóstico. Segundo Claudia, os testes importados pelo Ministério da Saúde, além de não serem validados ainda, vêm de países com outras realidades biológicas e epidemiológicas, o que pode influenciar num diagnóstico duvidoso.
Transmissão
Até onde se sabe, o zika é transmitido pela picada de mosquito, pela relação sexual, por transfusão de sangue e da gestante infectada para o feto. Aconselha-se o uso de repelente (a cada três horas), inseticidas e telas nas janelas de casa, roupas que cubram melhor o corpo e o uso de preservativo na relação sexual.
Grávidas e bebês em estudo
Já passam de oito mil os casos de microcefalia no Brasil, causados pelo zika. Em duas grávidas estudadas, que pegaram zika no começo da gestação, os bebês morreram logo após o nascimento. Nove meses depois, pesquisadores ainda encontraram o vírus nos tecidos dos cérebros dos bebês.
Ainda não se sabe como o vírus chega na placenta da mãe, nem como ele chega da placenta ao cérebro do bebê. A Fiocruz Paraná conduz estudos neste sentido, para descobrir “quem” no corpo da mãe faz esse transporte.
Há o caso de uma gestante de Santa Catarina, que pegou zika aos 8 meses. O bebê nasceu aparente normal. Mas a placenta dela estava cheia de vírus. Ainda não se sabe quais são as consequências da infecção e se ela poderá engravidar novamente.