Passados oito anos da liquidação do Consórcio Garibaldi, cujos administradores Antônio Celso Garcia, também conhecido como Tony Garcia, Agostinho de Souza e Rui Rodrigues Libretti foram acusados de praticar fraudes no valor de R$ 40 milhões, as vítimas do calote até hoje não foram indenizadas e ainda aguardam um procedimento da Justiça para tentar reaver o dinheiro empregado.

Revoltados, os ex-consorciados contam que fizeram muitas economias para adquirir carros, motocicletas ou caminhões, mas quando terminaram de pagar as prestações descobriram que não iriam receber os bens.  ?A gente tem vontade de dar um murro na cara dos responsáveis por essa situação?, comentou a cabeleireira Roseli Carvalho, que mora em Maringá. Roseli, a exemplo de centenas de outras pessoas, adquiriu uma cota do Consórcio Garibaldi para tirar uma motocicleta. Antes de fechar o negócio, ela foi até a Receita Federal e também procurou a Polícia Federal, recebendo informações de ambos os órgãos que o consórcio era legal e seguro. A cabeleireira pagou 22 prestações e só então descobriu que foi lesada. ?A gente trabalha muito para conseguir juntar um dinheirinho e, quando vê, algum grandão dá um jeito de ficar com tudo. E o pior é que ninguém faz nada contra eles, pois na papelada só aparecem nomes de laranjas?, desabafou a mulher.

Mais vítimas

A revolta do contabilista Silvio Beyna, morador no bairro Água Verde, em Curitiba, não é diferente. Ele também adquiriu o consórcio de uma motocicleta e pretendia, com a carta de crédito, conseguir retirar um carro usado, conforme estava previsto no contrato. No entanto, depois de pagar as prestações durante 60 meses, sem nunca ter sido sorteado, procurou pelo seu bem e soube que não iria recebê-lo. ?Meu prejuízo é de aproximadamente R$ 12 mil?, explicou ele, que entrou na Justiça pedindo providências, mas até hoje não recebeu resposta alguma.

O mesmo ocorreu com Telma de Jesus Zanon, residente no Santa Cândida, também na capital. Em 1994, ela residia em Porto Alegre. Lá entrou para o consórcio, pretendendo retirar uma motocicleta. ?Sinto-me roubada, pois paguei os 60 meses e nunca recebi o meu bem. Cheguei a pagar trinta prestações de uma só vez para conseguir retirar a moto, mas só perdi dinheiro?, lamentou. ?Essas pessoas que nos roubaram deveriam ter vergonha na cara de tirar dinheiro de gente honesta e de poucos recursos, que procuram um consórcio justamente porque não podem adquirir bens de outra maneira?, completou.
O consórcio de uma vespa inclui ainda a autônoma Vânia Godói entre os consumidores que foram lesados pelo Consórcio Garibaldi. Ela diz que não vai deixar o caso morrer e pretende contatar outros consorciados. ?Vamos reunir esse pessoal e procurar um advogado. Não dá para essas pessoas ficarem impunes?, adiantou.

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