Mais de sessenta veículos foram avaliados ontem no Detran de Curitiba, no primeiro dia da inspeção veicular da entidade, que prossegue até sexta-feira. O número superou as expectativas do Detran, que enviou 2,5 mil cartas-convite para proprietários de carros de diversos anos de fabricação.
Segundo o diretor-geral da entidade, César Franco, existia um temor de que as pessoa não comparecessem com medo de serem advertidas ou mesmo multadas. “Mas os motoristas entenderam que a inspeção tem um caráter de orientação e não punitivo.” A inspeção veicular é voluntária e faz parte de um levantamento que está sendo realizado pelo Detran, em parceria com o Instituto de Qualidade Automotiva (IQA), para detectar as causas de acidentes e elaborar novas ações de segurança no trânsito. “Essa ação preventiva é da máxima importância para evitar acidentes, já que as condições de manutenção dos veículos respondem por 10% a 15% dos desastres que ocorrem no País, se considerarmos as estatísticas mundiais. Como são 40 mil mortos por ano em acidentes, com isso, poderemos evitar até cerca de três mil mortes anuais no Brasil”, disse o coordenador da campanha de avaliação, Adauto Martinez Filho.
Problemas
Os principais problemas detectados no primeiro dia de avaliação foram nos freios e no sistema de iluminação. A inspeção também verificou os equipamentos obrigatórios, pneus, rodas, sinalização, chassi (estrutura), sistema de direção, suspensão e emissão de poluentes. “Esperamos que mais pessoas venham avaliar as condições de seus veículos, já que, além do fator segurança, a manutenção é muito mais barata”, afirmou o engenheiro de tráfego e coordenador da campanha Adauto Martinez Filho.
A avaliação começa pela iluminação e itens como cintos de segurança. Em seguida, os pneus são calibrados para não distorcer a análise feita por quatro tipos de equipamento: alinhamento, suspensão, freios e verificação de folgas.
Segundo Martinez, é a primeira vez que um Detran no País usa todos os equipamentos previstos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para fazer uma inspeção desse tipo. Acabada a inspeção, o proprietário leva para casa o Relatório de Inspeção Técnica Veicular, com os principais problemas detectados, que caberá a ele sanar posteriormente.
Brasília exemplar
A viúva Illa Krause Lopes, dona de uma Brasília ano 79, não se incomodou em gastar cerca de meia-hora para fazer a inspeção. “Sou a favor de todas as iniciativas dessa espécie. Tem muita lata velha que atrapalha o trânsito”, queixou-se. Illa fala com domínio de causa. Ela dirige a Brasília há 21 anos e, apesar de antigo, o carro foi aprovado no exame, com louvor. “Está em ótimas condições. A Brasília é um exemplo de manutenção eficiente, pois só apresenta alguns probleminhas que podem ser encontrados em carros semi-novos”, explicou Martinez.
Illa diz que, para manter o carro como novo, tem de negar os pedidos de empréstimos dos filhos. “O filho corre demais e a filha está aprendendo. Eles só dirigem comigo do lado”, revela. A aposentada também faz a revisão completa da Brasília, anualmente e “sempre na concessionária”.
