A dona-de-casa Alexandra de Freitas faz mais de cinco vezes o mesmo percurso todos os dias para encher baldes e garrafas com água de uma bica. Moradora da Vila Pantanal – uma área de invasão que fica na periferia de Curitiba e concentra cerca de três mil pessoas -, Alexandra diz não saber de onde vem a água, mas ela é utilizada para o consumo, preparo dos alimentos e banho. A rotina vem se repetindo há mais de duas semanas, quando o poço artesiano parou de funcionar.
A bica fica logo na entrada da vila, a apenas alguns metros de uma placa da Sanepar, que anuncia a “ampliação do sistema de abastecimento”. Mas de acordo com a presidente do Clube de Mães da Vila Pantanal, Fátima do Rocio de Paula Araújo, os moradores não serão atendidos.
A presidente do Clube de Mães conta que a invasão tem mais de quinze anos, e durante esse tempo, diversas iniciativas foram implantadas para gerar renda e melhorar a vida das famílias. Entre elas, curso de informática, granja e padaria comunitária. Porém, sem apoio, nenhuma das atividades teve prosseguimento.
O poço artesiano – que foi instalado há cerca de dez anos na vila através de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná – era uma das duas opções dos moradores para o abastecimento de água. A outra fonte são poços perfurados nos fundos das casas. No próximo sábado, os moradores da Vila Pantanal prometem fazer um protesto no centro de Curitiba para denunciar o descaso com a região.
A Sanepar informou através de sua assessoria de imprensa que está investindo R$ 160 mil para a instalação de água tratada para 600 famílias na Vila Pantanal. Cerca de 40% das obras já estariam concluídas, e até o final do ano deve terminar essa fase do projeto, que inclui a construção de cinco mil metros de rede de distribuição de água. A empresa informou ainda que em março de 2005 iniciam as obras da rede de esgoto, que receberão recursos na ordem de R$ 500 mil e devem estar concluídas em cinco meses.
