Moradores de Paranaguá estão fazendo vigília em frente a um terreno da Prefeitura desde a noite da última sexta-feira. Eles afirmam que as famílias não têm onde morar, vivem de favor na casa de parentes ou têm que pagar aluguel.
Segundo a secretária de Habitação e Gestão Fundiária, Vânia Foes, há um projeto de loteamento para a área, mas está em fase de captação de recursos. Hoje o grupo deve ter um encontro com o prefeito José Baka Filho para tratarem do tema, além da questão de segurança.
Ontem, os moradores foram recebidos pela secretária de Habitação e entregaram uma lista com o nome de 80 famílias. Existe a intenção de criar um loteamento no local com 120 habitações, mas a aprovação do financiamento só deve sair daqui a cerca de 40 dias. Mesmo assim, nada garante que o grupo seja beneficiado já que a Prefeitura possui um cadastro com 700 famílias. Tem prioridade as que estão mais necessitadas, chefiadas por mulheres e idosos, por exemplo.
Vânia diz que resolver o problema da habitação em Paranaguá é uma missão muito complicada. Ela explica que 90% da área urbana do município já foi utilizada e a maior parte do que resta pertence a particulares. As pessoas mais carentes não têm condições de adquirir os terrenos no mercado imobiliário e o município não tem lugar para assentar estas famílias. ?Há mais de 10 anos não é aprovado nenhum loteamento novo no litoral?, afirma Vânia, se referindo as questões ambientais. Do total de área da cidade, a região urbana representa 20%, o restante é área de proteção permanente ou zona rural.
Luciano Nogueira disse que o terreno está abandonada há anos e serve de local para crimes. Ele está tentando adquirir um lote porque mora de favor. ?A gente não quer de graça, mas quer uma prestação que caiba no bolso?, falou. Segundo Valdirene Nogueira, a maioria das pessoas que estão lá, em vigília, são muito pobres e quase não conseguem dinheiro nem para a alimentação. A Guarda Municipal está em frente a área para garantir que não seja invadida.
A cidade enfrenta ainda outro problema. Cerca de 40 mil pessoas vivem em áreas que possuem alguma irregularidade. Segundo Valdirene, a Prefeitura vem tentando legalizar a situação, 42 famílias que moram no canal do Rio Anhaia, por exemplo, estão sendo transferidas.