Vigilantes de Curitiba e região metropolitana compareceram em massa, ontem, ao plenário da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, para participar de audiência de discussão do Projeto de Lei (PL) 277/2009, de autoria do governador Roberto Requião.
O projeto visa à substituição de vigilantes contratados por meio de empresas terceirizadas por policiais militares da reserva para guarda de prédios públicos, escolas, postos de saúde, hospitais, museus, entre outros estabelecimentos.
Fábio Alexandre |
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Soares: policiais e vigilantes recebem formações diferentes. |
A categoria dos vigilantes estima que, se o projeto for aprovado, cerca de 6,8 mil profissionais vão ficar desempregados. “O governo pretende pagar uma gratificação de R$ 1,3 mil aos policiais da reserva, sem recolher encargos trabalhistas. Hoje, ele (o governo) gasta cerca de R$ 7 mil por cada posto 24 horas com quatro vigilantes”, compara o presidente da Federação dos Vigilantes do Paraná e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares.
Ele enfatiza que os policiais da reserva contribuíram com a população por mais de 30 anos e estão aposentados, em descanso merecido. “Já os vigilantes são jovens, têm família para sustentar e precisam trabalhar”, diz.
Segundo o sindicalista, dificilmente o mercado de trabalho irá absorver os vigilantes que ficarem desempregados em função da lei. Além disso, a formação dos policiais militares é diferente da formação recebida pelos vigilantes, o que não permite que desempenhem a mesma função com eficácia.
“O policial militar é formado para a repressão e o trabalho ostensivo, enquanto o vigilante aprende a desempenhar um trabalho preventivo para evitar conflitos. Não consigo imaginar um policial militar fazendo a guarda de uma escola, por exemplo. Por isso, estamos conversando com os deputados estaduais e pedindo que eles se posicionem contra a lei.”
Na opinião do deputado Péricles de Mello (PT), que presidiu a audiência, os questionamentos dos vigilantes com relação à lei devem ser considerados, sendo que muitas questões ainda devem ser aprofundadas.
“Estamos aqui (na AL) justamente para estudar e debater estas questões. Temos que ver se vamos trabalhar para que o projeto de lei seja retirado ou para que passe por adaptações”, comenta.