Os vigilantes que trabalham nos postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Curitiba voltaram ao trabalho ontem à tarde, mesmo com a continuação dos salários atrasados. A decisão foi tomada depois de uma conversa com a gerente executiva do instituto, Eli Maria Marques de Lara, que sinalizou com a possibilidade de romper o contrato com a empresa responsável pela segurança, a Serve Leste. Eles querem que o INSS pague diretamente aos vigilantes o que deve à empresa.
Na última quinta-feira, os vigilantes resolveram entrar em greve devido a pagamentos atrasados. Eles reclamam que muita gente ainda não recebeu o 13.º salário nem o vencimento de dezembro, incluindo vale-transporte e vale-refeição. O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares, afirma ainda que a empresa não pagou a rescisão de contrato de alguns funcionários e as férias de outros trabalhadores. Foi o que aconteceu com Wilson Literoni. “A gente vai lá, eles simplesmente dizem que não tem dinheiro e mandam a gente embora”, fala. Literoni diz que todas as suas contas estão atrasadas e a empresa está devendo para ele R$ 1,3 mil.
O gerente comercial da Serve Leste, Shima Camargo, explica que os problemas da empresa começaram quando os governos federal e estadual não reajustaram os valores pagos à empresa. Por outro lado, eles foram obrigados a aumentar o salário dos funcionários devido às convenções coletivas de trabalho.
Sem o dinheiro do reajuste, a empresa estaria tendo dificuldade em honrar com suas obrigações, não pagando também o que devia ao próprio INSS. Com isso, acabou perdendo a Certidão Negativa de Débito (CND). Sem o CND, o INSS também não pode pagar a empresa, que agora não tem dinheiro para os salários. Até agora, o INSS deve duas parcelas de R$ 136 mil. A empresa informou, porém, que ontem mesmo iria providenciar a certidão.
Medida
O Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região também entrou com uma medida cautelar de arresto no Tribunal Regional do Trabalho. Segundo Soares, o sindicato vai entrar com medida cautelar de arresto no TRT para que o INSS pague diretamente aos funcionários. Eles pretendiam conseguir a liminar ontem mesmo.
Já Shima diz que vai continuar tentando conseguir o reajuste. Com o TRE, a Serve Leste já havia entrado em um acordo. O gerente afirma que a empresa presta serviços para o Tribunal Regional Eleitoral, Ministério de Minas e Energia e Secretaria de Estado do Emprego e Trabalho. Com a Fundepar, o contrato já teria sido rompido ano passado, devido a falta de acordo.