Alicates de unha utilizados sem terem sido esterilizados, lixas reaproveitadas, material de maquiagem usado em várias pessoas diferentes sem nenhum tipo de higienização são algumas das situações a que estão sujeitos os frequentadores de salões de beleza, que muitas vezes nem desconfiam dos riscos que essas situações representam para a saúde. Para evitar problemas e a transmissão de doenças como hepatites virais, micoses, dermatites, sarna, entre outros, a Vigilância Sanitária de Curitiba vai reforçar a fiscalização nos salões de beleza a partir deste mês.

continua após a publicidade

A medida visa promover a adequação dos salões de beleza, barbearias e espaços de depilação da capital paranaense à legislação estadual (RDC 700/2013, da Secretaria de Estado da Saúde) criada para diminuir a exposição dos usuários a doenças e riscos desnecessários. A coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, Giselle Kosiak Poitevin Pirih, explica que a aplicação dessa legislação vem sendo difundida e discutida entre os profissionais da Vigilância, pois existem vários perfis e tamanhos de estabelecimentos nesse segmento comercial. “Mas os cuidados que envolvem a higienização dos materiais, a utilização de materiais descartáveis sempre que possível e até mesmo o procedimento para descarte dos resíduos desses salões devem ser cumpridos para garantir a segurança dos clientes”, comenta.

Uma das medidas que será exigida é a instalação da autoclave, equipamento utilizado na esterilização dos instrumentos perfuro-cortantes, como alicates, espátulas, tesouras e outros. “Um instrumento contaminado é capaz de transmitir doenças para inúmeras outras pessoas”, ressalta.

A médica Claudia Weingaertner Palm, do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (Nasf) do Distrito Santa Felicidade, explica que todos os materiais que entram em contato direto com o sangue – como é o caso de instrumentos cortantes, como alicates de unha, espátulas, lâminas de barbear – podem ser canais de contaminação, caso não seja corretamente esterilizados. “Objetos utilizados em uma pessoa que tenha hepatite B ou C vão contaminar outras pessoas se não passarem pelo processo de esterilização porque o vírus sobrevive no sangue deixado nesses instrumentos. No caso da manicure, o ideal seria que cada cliente levasse seu próprio kit”, alerta.

continua após a publicidade

A estudante A. B, 21 anos, foi vítima da falta de esterilização de materiais de manicure. A jovem, que costuma fazer as unhas semanalmente, conta que percebeu que uma de suas unhas da mão estava esbranquiçada, mas não achou que fosse um problema grave. Tempos depois, a mancha na unha só aumentava e ela precisou procurar um dermatologista, que diagnosticou a micose. Tomou medicamento via oral por cerca de quatro meses e ainda passou a usar um esmalte medicamentoso para recuperar a estrutura da unha e eliminar o fungo. “Foi um tratamento caro e prolongado, mas ainda bem que tinha cura. O médico me explicou que poderia ter contaminado outras unhas e hoje eu percebo o risco a que estamos expostos. Agora, sempre que vou ao salão de beleza, levo meus próprios acessórios. Podia ter sido algo ainda pior”, destaca.

A psicóloga Mariana Garcez, de 42 anos, diz ser bastante exigente na seleção desse tipo de serviço. Ela frequenta o mesmo salão há 30 anos e se sente segura porque, além de confiar nos profissionais, conhece os procedimentos de higiene e esterilização de materiais usados no local. “Vejo a higiene e sinto segurança nesse salão”, comenta a psicóloga.

continua após a publicidade

Verônica Bioeu, gerente operacional de um salão do Batel, afirma trabalhar em parceria com a equipe da Vigilância Sanitária da Matriz, responsável pelas inspeções de rotina no salão. As exigências vão desde a carteirinha de vacina atualizada a cada dois anos, até a abertura correta dos materiais descartáveis e esterilizados utilizados pelas ,manicures.

O técnico José Henrique Vacilotto, da Vigilância Sanitária da Matriz, explica que, em geral, os profissionais dos salões de beleza procuram se ajustar às exigências e orientações feitas pela equipe da Vigilância. “Nosso trabalho é nos bastidores do estabelecimento, mas reflete em todo o ambiente. As pessoas estão cada vez mais conscientes e exigentes sobre a qualidade dos serviços prestados nos salões de beleza. Além de um bom resultado final, elas querem segurança”, enfatiza.