A Vigilância Sanitária suspendeu as atividades da empresa Nutro Soluções, de Curitiba, até a conclusão das investigações sobre uma possível contaminação de nutrição parenteral (alimentação intravenosa administrada a pacientes que não podem utilizar a alimentação convencional) fornecida pela empresa para hospitais da capital, interior do Paraná e para os estados de São Paulo e Santa Catarina.
Em Curitiba, 45 pacientes internados receberam a alimentação. Destes, 15 apresentaram algum tipo de sintoma. Seis casos de morte – três em Curitiba e três em outras cidades do Paraná – estão sendo apurados para verificar se há relação com a nutrição administrada aos pacientes.
A investigação, realizada em conjunto pelas secretarias municipal e estadual da Saúde, começou na última quinta-feira (14), depois da comunicação sobre a suspeita de contaminação feita pela empresa e por hospitais que receberam o produto. A Vigilância Sanitária de Curitiba determinou a interrupção imediata da produção da Nutro, que recolheu o produto já distribuído aos hospitais. Quatro hospitais de Curitiba receberam os produtos da Nutro: Hospital de Clínicas, Pequeno Príncipe, do Trabalhador e Nossa Senhora do Pilar.
O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Moacir Pires Ramos, disse que é prematuro afirmar que as mortes ocorreram em função de alimentação contaminada. “Todos eram pacientes em condições clínicas muito graves, a maioria estava na UTI. Os prontuários estão sendo avaliados, mas ainda é cedo estabelecer uma relação direta com os óbitos”, afirmou.
Segundo Ramos, as suspeitas foram levantadas por se tratar de casos ocorridos em datas próximas, e envolvendo pacientes que receberam nutrição parenteral.
O diretor do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal, Luiz Armando Erthal, afirmou que todos os procedimentos indicados foram tomados pela Vigilância Sanitária, incluindo a interdição cautelar da empresa para facilitar as investigações. Além de coletar amostras dos produtos, durante a inspeção na sede da Nutro as equipes da Vigilância verificaram as condições de fabricação e limpeza do material produzido e coletaram a água utilizada na manutenção e limpeza dos equipamentos. “Não há risco de novos casos, porque a produção foi interrompida no dia 14 e os produtos já foram recolhidos”, garantiu Erthal.
A bactéria Pantoeaagglomerans, identificada pelos hospitais nos produtos da Nutro, também foi identificada pelo departamento de controle de qualidade da empresa. De acordo com Ramos, que é médico infectologista e epidemiologista, esse tipo de bactéria normalmente vive no intestino de pessoas e animais, mas se torna perigoso quando cai na corrente sanguínea.
O superintendente da Secretaria de Estado da Saúde, Sezifredo Paz, informou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e as vigilâncias sanitárias de Santa Catarina e de São Paulo foram acionadas para fazer o monitoramento de possíveis casos nos hospitais que receberam os produtos da Nutro. “Estamos monitorando todos os serviços que receberam estes produtos”, afirmou.