Vigilância Sanitária apreende trigo para quibe

A Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde interditou todos os lotes do trigo para quibe da marca RD, produzidos pela empresa Juliantoni Distribuidora de Alimentos Ltda. O problema encontrado foi nas embalagens que continham a informação “não contém glúten”, mas todo tipo de trigo contém a substância. A medida foi tomada após a denúncia de um consumidor de Irati, que verificou o erro.

Os maiores prejudicados com o caso foram os portadores da doença celíaca que são intolerantes ao glúten e precisam estar cientes da presença do componente nos alimentos. A empresa já foi notificada e terá que recolher todos os seus produtos das prateleiras e trocar o produtos dos consumidores que o adquiriram. O secretário da Saúde, Gilberto Martin, reconhece a importância da vigilância sanitária em tomar essa medida para contornar a situação. “O papel da secretaria é justamente a prevenção de problemas de saúde da população”, afirma.

A ingestão de glúten por celíacos é bastante prejudicial. Segundo o médico pediatra e gastroenterologista Aristides Schier da Cruz, presidente da Sociedade Paranaense Pediátrica, o tratamento consiste na proibição de ingerir a substância por toda a vida do paciente. “Se não tratada dessa forma, a doença pode ocasionar complicações a médio e longo prazo como o câncer do intestino, anemia, osteoporose, abortos de repetição, esterilidade e epilepsia.” afirma

De acordo com a chefe da Vigilância de Alimentos, Elaine Castro Neves, é preciso tomar uma medida radical nesse caso. “A saúde dos portadores da doença precisa ser preservada. Os celíacos precisam ter segurança da informação contida nos produtos na hora de adquiri-lo”.

“É importante que os produtos informem corretamente sua composição, pois, mesmo pacientes que passam anos sem ingerir glúten, sofrem graves conseqüências caso consumam a substância”, completa Aristides.

Os pacientes celíacos precisam de acompanhamento por toda a vida e principalmente de persistência para não ceder à dieta. Este é o caso de Mariana da Silva Britto, 14 anos, que descobriu a doença aos cinco. Ela sempre tinha muita dor de barriga, e não crescia normalmente como as outras crianças quando foi diagnosticada. “Manter a dieta é um desafio diário, é preciso apoio da família para não desistir. Toda a dieta da casa é constituída segundo as minhas necessidades, por isso os produtos precisam conter informações corretas quanto à presença ou não do glúten.”

Doença

A doença celíaca é uma deficiência no sistema imunológico que atinge um a cada 200 brasileiros. Ela causa uma lesão na mucosa intestinal que impede a correta absorção dos nutrientes, acarretando em curto prazo diarréia, desnutrição e perda de peso.

A doença é classificada em clássica e atípica. A primeira era a mais comum no Brasil até cinco anos atrás e se manifesta na infância, normalmente até os 3 anos. Com o aumento do aleitamento materno, a diminuição da introdução precoce do trigo na alimentação das crianças e a melhoria da higiene, hoje em dia a maior incidência está em casos atípicos. Essa modalidade se manifesta na fase adulta e pode ser monossintomática ou assintomática, o que é muito mais perigoso, pois se corre o risco de ser descoberta apenas em decorrência das doenças por ela ocasionadas. O grupo de risco é representado principalmente por parentes de celíacos que apresentam 10% de chance de possuírem a doença, seguidos de diabéticos tipo 1, com 8%.

Glúten

O Glúten é a principal proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada, e no malte (subproduto da cevada), cereais amplamente utilizados na composição de alimentos, medicamentos, bebidas industrializadas, assim como cosméticos e outros produtos não ingeríveis. Ele está presente em alimentos ricos em carboidrato como: pães, bolos, bolachas, macarrão, coxinhas, quibes, pizzas, cervejas, whisky e vodka.

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