Vão se os anéis

Vender ou penhorar joias vira alternativa durante período de crise

Símbolos da união, as alianças do casamento que chegou ao fim deixam de ser boa recordação e passam a valer dinheiro na hora do aperto: compradores de ouro dizem que aumentou o número de pessoas que vendem esses anéis, nos últimos meses.

A venda de joias e objetos em ouro é mais um reflexo da crise econômica que o Brasil atravessa.

Aumentou também a procura pelo penhor da Caixa Econômica Federal, opção interessante para quem precisa de dinheiro, mas não quer se desfazer de joias, por exemplo, ou tem o nome com restrição de crédito. Mas é preciso quitar a dívida até a data marcada. Do contrário, o objeto será leiloado pelo banco.

Calçadão

Basta rápida passada pelo Calçadão da XV de Novembro para receber dois ou três panfletos de pessoas que literalmente vestem a camisa do “Compro Ouro”. Vanessa Silva, 26 anos, é uma das que entregam esses papéis. Ela contou que trabalha com isso há nove meses e que sentiu aumento do interesse pela venda de joias. “Agora, o povo vem direto.

Muita gente pega o papel e quer saber quanto eles pagam por grama”, relatou. No caso da loja para a qual ela faz a propaganda, esse valor é de aproximadamente R$ 70, variável pela cotação do dia.

Penhor tem juros atrativos. Foto: Felipe Rosa

Alternativa é pôr no prego

Quem não quer se desapegar dos bens, mas precisa do dinheiro, pode optar por deixar objetos como ouro, diamante lapidado, joias, metais preciosos, pérolas, relógios e canetas de valor e pratarias autênticas sob custódia da Caixa Econômica Federal, em troca de empréstimo.

Paulo de Tarso, gerente regional do banco, destacou que as vantagens do penhor são as taxas de juros mais baratas do que outras modalidades de empréstimo (1,93% ao mês) e a rapidez do processo, que não exige análise de crédito. “Basta comparecer às agências que fazem penhor com documento de identidade, CPF e comprovante de renda. A peça é avaliada e a pessoa leva o dinheiro na hora”, explicou.

Prazos

De acordo com Paulo, a quantia emprestada é de até 85% do valor avaliado das peças. A modalidade mais usada tem prazo de até 180 dias para quitar a dívida.

“Se a pessoa resolve pagar antes, a Caixa desconta o juro do período que adiantou. Também é possível renovar o prazo, pagando apenas o juro e a joia permanece sob custódia”.

Caso o empréstimo não seja quitado, os bens podem ir a leilão. “Mesmo depois do vencimento, a pessoa é comunicada e conta com alguns dias para vir quitar a dívida”, ressaltou Paulo.

Só com a nota

Na loja de Rodrigo Fernando de Oliveira, o grama do ouro chega a R$ 100. “Independente de estar amassada ou nova, tem o mesmo valor, só pago pelo ouro”, explicou. Geralmente, quem procura o estabelecimento leva joias de pequeno valor. “Normalmente é aliança e pagamos no máximo uns R$ 1 mil”. Ele disse que, para que o negócio seja feito, é preciso que o cliente apresente a nota fiscal da peça.

As joias compradas na loja de Rodrigo costumam ser derretidas para a confecção de peças novas ou repassadas para fabricantes. O comerciante revela que, nos últimos cinco meses, sentiu significativo aumento no movimento e atende entre 10 a 20 pessoas por dia. “A gente já estava esperando que, durante a crise, teria aumento”, comentou.

Fábrica

O proprietário de outro estabelecimento, no Centro, preferiu não se identificar, mas disse não ter comprado mais joias pela dificuldade em revendê-las. “O pessoal está fabricando menos, daí complica”, comentou. O comerciante afirmou que a maior parte das pessoas leva objetos de prat,a. Ele garantiu que, para comprar alguma peça, exige nota fiscal ou é feito contrato. “Faço isso para me resguardar quanto à procedência dos objetos e só negociamos com adultos”.

Serviço da Caixa não exige aprovação cadastral. Foto: Felipe Rosa.

Simples e fácil

A crise econômica pode ter afetado também o número de itens penhorados. Em relação ao ano passado, a Caixa teve aumento de 5,3% no valor dos contratos de penhor, em Curitiba, região metropolitana e Litoral. De janeiro a agosto do ano passado, foram emprestados R$ 78,3 milhões em 65.074 contratações. No mesmo período deste ano, foram emprestados R$ 82,4 milhões, em 68.087 contratações. “Não posso afirmar que é em função da situação econômica, até porque boa parte da população não conhece e não tem noção de quão simples é o penhor”, destacou o gerente.

Rapidez

Há 10 anos, o consultor em segurança Marcos Paulo Martinez, 39 anos, penhora joias na Caixa. “É um dinheiro mais rápido. Eles avaliam e, em seguida, saio com o dinheiro. Não exige nenhum tipo de aprovação”, contou. Ele disse que, durante todo esse tempo, não perdeu nenhum item para leilão.

Tendência de mais procura

A economista Solidia dos Santos comentou que, assim como com outras modalidades de empréstimo, a tendência é que haja aumento do penhor em virtude da crise. “As famílias estão endividadas com o pagamento da casa própria, de veículos e bens de consumo duráveis. A tendência é que busquem formas seguras de empréstimo”.

Segundo ela, a vantagem do penhor é que a taxa de juros costuma ser menor que a de créditos rotativos e dos cartões de crédito e permite o empréstimo também para pessoas que têm o nome sujo.

Renovação

“Além disso, existe a opção de a pessoa ir liquidando os juros e renovando a dívida, sem prazo específico para pagar”.

“Como todo empréstimo, tem contras também. Infelizmente a pessoa tem que pagar juros, por menor que seja, e compromete parte da renda com isso”, disse. Ela destaca ainda que vale a pena procurar se não existe outra modalidade que ofereça juros menores.

É o seguinte!

Dói no coração, como se diz por aí. Mas apelar para a venda de joias pessoais ou penhorá-las em troca de um empréstimo virou uma saída. Principalmente agora, com a crise. Não é difícil encontrar pessoas oferecendo esse produto. Veja quais as opções no mercado.

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