Foto: Walter Alves/O Estado |
Nelson diz que movimento foi bom nesse período só até 1996. continua após a publicidade |
A Quaresma, período de 40 dias antes da Páscoa no calendário da Igreja Católica, prega a penitência e o jejum do consumo da carne em alguns dias da semana. Nesse período -que começou ontem e vai até o dia 15 de abril -, muitas pessoas substituíam a carne de boi e de frango pelo peixe. Essa tradição sempre fez a alegria das peixarias, que registravam um significativo aumento nas vendas. Porém, nos últimos anos essa prática não vem sendo seguida à risca, e o período não chega a ser expressivo para o setor.
Há quinze anos no ramo, o proprietário da Peixaria Yara, Nelson Antônio Alves, diz que o movimento nesse período de Quaresma foi bom até os anos de 1995 e 1996. Depois disso, as vendas começaram a cair, e atualmente, não chegam a registrar um aumento superior a 15%. E essa tendência foi confirmada pelos clientes. Erico Bagatoli afirma que consome carne de boi ou frango até três vezes na semana, independente do período do ano.
?Eu como porque é mais saudável e acho que essa tradição da Quaresma não existe mais?, comentou. A mesma opinião tem o aposentado Evanir Machado, que admite que não segue há muito tempo as práticas desse período. O proprietário da Peixaria São José, Kielvim Alberti, também não registra mais um movimento expressivo nessa época do ano. ?Acho que vamos vender no máximo até 15% a mais?, disse.
Preços
Um pouco mais otimista está sua concorrente da Peixaria Santa Clara, Sue Mizuno, que tem previsão de vender até 30% a mais, contra os 20% registrados no ano passado. ?Mas isso é apenas uma previsão, que deve se confirmar somente na Semana Santa?, comentou. Além da mudança na tradição, outro fator que afasta os clientes nesse período são as informações de que o preço do produto sobe.
De acordo com Nelson Antônio Alves ?isso é mentira, pois o preço não muda o ano todo?. Kielvim Alberti também garantiu que os preços não devem mudar, pois se isso acontecer, os clientes somem de vez. Ele tem razão, pois o consumo do brasileiro – que chega a 6,8 quilos por habitante ao ano – está bem abaixo dos 12 quilos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre as peixarias visitadas pela reportagem de O Estado, os preços encontrados foram de R$ 12,50 para os filés de pescada e cação, e R$ 32 os filés de linguado. Já os peixes inteiros, como anchova, corvina e tainha tinham preços que variavam de R$ 4,80 a R$ 8,50.