Respiro no orçamento

Velho que satisfaz! Na hora da crise ele pode ser a solução

O comportamento dos consumidores de Curitiba e região metropolitana responde por uma parcela importante nas despesas com consertos e reparos de 40 tipos de bens de consumo. Segundo serviços de assistência técnica da cidade, a busca por preservar os produtos ao invés de simplesmente trocá-los por novos, neste ano, recebeu impulso daqueles que, com o orçamento mais apertado, não podem ou não querem se endividar.

A opção pela economia faz todo sentido, já que o preço cobrado pelo conserto, em geral, não costuma ultrapassar 25% do valor do produto e, dependendo do reparo, a garantia padrão de 90 dias pode chegar a dois anos. “Costumo explicar aos meus clientes que tudo tem conserto, o problema é que o preço do reparo nem sempre compensa, haja vista esses televisores de tela fininha. Quando quebra o vidro, o melhor é comprar outro, já que o valor de um novo dá quase todo o preço do produto”, explica o técnico e proprietário da J.K Consertos, Fabiano Rodrigues Torres.

Com 12 anos de atuação, a empresa realiza reparos em diversos produtos eletroeletrônicos. Micro-ondas, equipamentos de lava-jato e aspiradores concentram boa parte do movimento. “O conserto é a melhor opção pra quem quer um produto bom dentro de casa e que permaneça funcionando por muitos anos”, explica Torres. “Jogar fora o que estragou e correr pra aproveitar o item da promoção, normalmente, é pra levar pra casa algo que em pouco tempo deixa de funcionar”, orienta.

Ronaldo diz que oferece até dois anos nos consertos. Foto: Gerson Klaina.

Garantia faz a diferença

Outro diferencial está nas garantias dos serviços. “Em produtos que precisam ter peças substituídas, como compressor de geladeira, oferecemos até dois anos de garantia”, aponta Ronaldo Roderjan. Segundo ele, mesmo sendo peças mais caras, dependendo da qualidade do produto, a troca é muito mais interessante do que comprar um novo. “De maneira geral as linhas mais novas têm a mecânica com material de qualidade inferior aos modelos que as antecederam, por isso o consumidor acaba tendo com o conserto da máquina um produto com uma vida útil maior do que o novo”, explica.

A aposentada Maria Luiza Alessio de Souza, 78 anos, possui vários eletrodomésticos que confirmam esse incremento na vida útil dos equipamentos. “Além de eu economizar, se comparado ao preço de um novo, tenho a confiança de que posso contar com o equipamento por um bom tempo”.

Buscar um bom profissional e verificar se não há reclamações da empresa juntos aos órgãos de defesa ao consumidor são pontos que devem ser considerados para a satisfação no serviço e a segurança.

R$ 6,5 bi

Em 2014, os brasileiros gastaram mais de R$ 6,5 bilhões em consertos e reparos de aproximadamente 40 tipos de produtos domésticos. Todas as camadas sociais recorreram ao serviço em diferentes níveis, sendo que a classe E desembolsou, por conserto, quase R$ 36, enquanto a classe A gastou, no total, R$ 393. Os dados são da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo e foram estimados com base em informações da Pesquisa de Orçamento Familiares (POF), do
IBGE.

Entre os mais procurados estão os consertos de móveis (R$ 1,4 bilhão); televisores (R$ 1,0 bilhão); e geladeiras (R$ 860 milhões).

Fim de incentivos

Máquinas de lavar ou com mecanismo de lava e seca, refrigeradores e freezers ocupam as primeiras posições dentre os itens que mais mobilizam os consumidores a investir em reparos e consertos. O gerente da Refrilav Assistência Técnica, Ronaldo Augusto Vidal Roderjan, conta que desde abril cresceu em 25% o número de atendimentos.,

“A crise e o fim de incentivos pra compra de produtos da linha branca provocaram esse aumento no movimento, principalmente porque o pessoal não quer fazer novas dívidas em período de incerteza quanto ao emprego e à economia”, analisa.

Profissional

O momento econômico, no entanto, não justifica toda a melhoria do desempenho. A profissionalização do modo de oferecer a assistência técnica desse tipo de eletrodoméstico foi fundamental pro negócio que existe desde 1978.

“Trabalhamos com um bom estoque de peça e temos como princípio do serviço resolver 95% dos atendimentos sem retirar o produto da casa do cliente, uma vez tanto as lavadoras quanto as geladeiras são itens que fazem muita falta”.

Onde descartar

Quem opta por consertar ao invés de descartar também contribui com o meio ambiente. Mas se as possibilidades de reparos forem esgotadas, o consumidor deve verificar se o fabricante possui alguma política de recolhimento do lixo eletroeletrônico. Outro caminho é deixar o produto (limite de dois itens eletroeletrônicos por residência), no espaço de coleta no dia da semana em que o caminhão do Lixo Que Não é Lixo passa pelo bairro. Em caso de dúvida telefonar pro Departamento de Limpeza Pública (3313-5739 ou 3313-5740). No caso de restos de móveis, o cidadão deve fazer a solicitação pelo 156. O mesmo vale pra doações do que ainda pode ser usado.

Outro caminho é procurar empresas especializadas na coleta e reciclagem de lixo eletrônico e elétrico. Muitas realizam o serviço sem custo, mediante agendamento.

Vida útil

No caso de aquecedores a gás, a preservação exige regularidade na manutenção e respeito à vida útil de cada aparelho. “Com gás não dá pra brincar. No nosso segmento, as novas tecnologias têm tornado os aparelhos cada vez mais seguros”, diz a técnica em vendas da Agas Aquecedores, Célia Pavan.

É o seguinte!

Fala a verdade. A gente andou exagerando na onda de descartar eletro-eletrônicos só porque um novo custava quase o mesmo preço, não é? Pois a crise chegou e a fase boa acabou. O que você vai ler nesta página é que, além da economia, os velhos geralmente são produtos mais resistentes e vale a pena consertar.

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