As cidades de Adrianópolis, Doutor Ulysses e Cerro Azul, no Vale do Ribeira, receberão, no mês de fevereiro, uma nova edição do Projeto Rondon. A diferença é que as atividades serão desenvolvidas pela Associação Nacional dos Rondonistas no Paraná, em parceria com a Universidade Tuiuti, mas sem vínculo com o governo federal. A ação regional será a primeira iniciativa da associação – transformada em uma organização não governamental – que vem discordando da maneira como o projeto vem sendo realizado em âmbito nacional pelo Ministério da Defesa.
De acordo com o diretor superintendente e colaborador voluntário do Projeto Rondon no Paraná, Carlos Alberto Gaya – que atuou no primeiro formato do programa nas décadas de 70 e 80 – apesar de existir um termo de cooperação assinado entre os Ministérios da Defesa e da Educação com a associação para a reativação do projeto, utilizando parâmetros do projeto originário, o Ministério da Defesa estaria centralizado as ações e tomando decisões unilaterais. ?Eles resolveram fazer por conta, e hoje elaboram os projetos, escolhem as comunidades, abrem ?o guarda-chuvas? de propostas e mandam para as unidades?, reclamou o professor. Além disso, continua, ?as comunidades não são consultadas e não existe um contato prévio dos acadêmicos com as comunidades?.
No verdadeiro Projeto Rondon, afirma Gaya, os universitários participam de todas as fases do processo, principalmente fazendo um reconhecimento de área e identificando as prioridades dos municípios. Após o término do projeto, as universidades continuam dando assistência às comunidades. Carlos Gaya ressalta que a maioria das instituições de ensino superior não sabe dos problemas que vêm ocorrendo com o projeto, e que agora estão sendo realizadas duas iniciativas semelhantes em diversos estados, ?por falha técnica ou política do Ministério da Defesa?. Ele acredita que essa seja a última edição que isso aconteça, ?pois temos certeza que o ministério vai reconhecer o problema e voltar a trabalhar em conjunto?.
O Projeto Rondon foi criado em 1967, com a proposta de mobilizar universitários a atuar no desenvolvimento de comunidades carentes do Brasil, sendo extinto em 1989. Em 1993, um grupo formado por ex-participantes fundou a Associação Nacional do Rondonistas, que patenteou o nome e logotipo do projeto. No ano de 1999, a então primeira-dama Ruth Cardoso lançou um programa semelhante, desenvolvido com o nome de Universidade Solidária. Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reativou o projeto nos moldes originais.