Vaidade masculina movimenta o mercado

Limpeza de pele, hidratação, massagem e dezenas de “creminhos” deixaram de ser assuntos exclusivos das mulheres. O segmento for men no Brasil representa hoje 10% do total de produtos comercializados para o corpo e a aparência, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Em Curitiba, uma pesquisa realizada para sondar o mercado de beleza, revelou que o curitibano está cada vez mais vaidoso e disposto a gastar para manter a aparência.

A GO4! Consultoria e Negócios ouviu cem pessoas – entre homens e mulheres com faixa etária entre 20 e 40 anos – e comprovou que o segmento beleza não passa por crise. Do total de entrevistados, 53% das mulheres e 46% dos homens afirmaram gastar mais de R$ 120 por mês com procedimentos estéticos. A pesquisa revelou ainda que 50% do público que freqüenta clínicas de cirurgia plástica são mulheres, entre 15 e 25 anos. Já os homens, com faixa etária entre 41 e 50 anos, representam 40% dessa clientela.

Na opinião da consultora de negócios da GO4!, Caroline Gonçalves, o destaque desse trabalho foi a pré-disposição dos homens em aceitar algum procedimento estético. 73% dos entrevistados disseram que fariam um tratamento contra a celulite, 40% usariam botox, e 58% se submeteriam a um tratamento contra a gordura localizada. A pesquisa mostrou ainda que os homens são a maioria no quesito clareamento dentário: 45% deles admitiram que já fizeram o procedimento, e outros 55% estariam dispostos a fazer; contra 38% das mulheres que fizeram e 33% que teriam disposição para fazer. A pesquisa revelou ainda que tanto homens quanto as mulheres têm resistência a técnicas pouco divulgadas, como intradermoterapia e cromoterapia.

Faturamento

Segundo dados da Abihpec, a mudança de comportamento começou na década de 90, quando os homens passaram a usar cosméticos com mais freqüência – embora os produtos nem sempre fossem adequados à pele masculina. Até 1998, um em cada cem homens aceitava comprar produtos de beleza. Hoje, somente seis em cada cem rejeitam a possibilidade de utilizá-los. O resultado disso, graças aos vaidosos, é um faturamento médio anual de R$ 800 milhões.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostra que o índice de homens submetidos a intervenções estéticas no País nos últimos oito anos aumentou de 8% para cerca de 28%. As cirurgias mais procuradas são de pálpebras, papada e lipoaspiração (e laserlipólise) do abdome. Também fazem aplicação de botox, tratamentos de sulcos e rugas, depilação a laser e fotorrejuvenescimento.

A vaidade, diz o sócio-diretor da GO4! Consultoria e Negócios, Carlos Esteves, é igual para homens e mulheres, mas por posturas culturais nem sempre são exteriorizadas. “O ser humano é vaidoso por natureza”, pondera. Para ele, quanto mais se falar sobre o assunto o homem ficará mais à vontade para assumir sua nova posição. “Um exemplo disso são as próteses de silicone. Antes ninguém assumia, e hoje, elas são populares”, finalizou.

Metrossexual ganha espaço

Como a vaidade sempre esteve associada a feminilidade, um novo termo foi criado para rotular o homem que se cuida, sem ter afetada sua masculinidade. É o metrossexual, termo criado pelo jornalista americano Mark Simpson, em 1994, que é uma contração de metropolitano e heterossexual. O rótulo serve para identificar o novo consumidor masculino das grandes cidades, com idade entre 25 e 50 anos, hetero, bem-sucedido, refinado, moderno, gentil e bem-humorado.

Entre os astros apontados como metrossexuais estão o ator norte-americano Brad Pitt e o atacante inglês do Real Madrid, David Beckham. Aqui no Brasil nossos exemplos são o empresário João Paulo Diniz e o ator Rodrigo Santoro. Segundo pesquisas, 30% ou mais do salário dos metrossexuais são aplicados em roupas, cremes e tratamentos. Dessa fatia do orçamento, 15% vão especificamente para cosméticos.

Para o sócio-diretor da GO4! Consultoria e Negócios, Carlos Esteves, o mercado precisa estar preparado para essa mudança, pois assim como as mulheres, os homens são muito exigentes. Esteves diz que já estão ganhando pontos na preferência desses consumidores quem vem se profissionalizando e criando diferenciais. “Quando se fala em consumir um refrigerante não se faz uma referência com quem produz, porém, na área de serviços isso é muito importante”, disse.

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