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Vacina russa será testada em 10 mil voluntários e em 45 dias, diz Tecpar

Vacina. Foto ilustrativa: Freepik.

A publicação de um artigo na revista científica The Lancet nesta sexta-feira (4), que aponta eficácia da vacina russa Sputnik V contra o novo coronavírus, foi comemorado pelo diretor-presidente do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar), Jorge Callado. A instituição é parceira do Instituto Gamaleya, de Moscou, para a realização de testes do imunizante no Brasil. O anúncio do registro da vacina pelo governo da Rússia, em agosto, gerou desconfiança na comunidade científica por causa da ausência de informações precisas sobre os testes com o composto.

“Nós já havíamos anunciado que, em uma análise prévia do material recebido, os resultados eram bem promissores”, disse Callado em entrevista coletiva nesta manhã. “Obviamente não havíamos anunciado nada mais específico em função do nosso termo de confidencialidade assinado entre a Rússia e o Tecpar.” Segundo ele, “em momento algum” os técnicos do órgão tiveram qualquer tipo de desconfiança em relação à vacina. “Essa publicação em nível internacional só confirma o que já havíamos notado internamente”, contou. “É importante que tenha sido feita pelos detentores da tecnologia.”

O artigo a que Callado se refere aponta que a Sputnik V é segura e foi capaz de criar anticorpos contra o novo coronavírus nos testes das chamadas fases 1 e 2. Apesar disso, os autores reconhecem que mais testes são necessários para comprovar a eficácia do produto.

Até o fim de setembro, o Tecpar pretende enviar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) um pedido de autorização para a realização dos testes da fase 3 da vacina. No momento, o órgão prepara um dossiê, exigido pelos órgãos, com informações sobre a vacina, como características físicas, químicas, embalagem, projeto e propriedades organolépticas do insumo farmacêutico ativo, entre outras.

Já contando com a autorização, Callado prevê que os testes comecem em cerca de 45 dias. As aplicações serão realizadas em hospitais universitários da rede estadual, em duas doses, com intervalo de 21 dias. Ao todo, devem participar 10 mil voluntários, começando por profissionais de saúde e, na sequência, pacientes de grupos de risco, como idosos, hipertensos e diabéticos.

As doses utilizadas na fase 3 do desenvolvimento da vacina serão fornecidas pela Rússia sem custos ao estado do Paraná. Os resultados dessa fase devem ser concluídos em cerca de dois a três meses, quando o presidente do Tecpar espera poder fazer o pedido de registro da vacina na Anvisa.

Assim, a previsão, caso os resultados sejam positivos, é de que o imunizante esteja disponível no Brasil a partir do início de 2021, inicialmente por meio de importação. O governo do estado já reservou R$ 100 milhões do orçamento de 2021 para aquisição das doses. Outros R$ 100 milhões serão transferidos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) com o mesmo objetivo.

E agora?

A etapa seguinte, conforme acordado entre o governo do Paraná e os russos, será de transferência da tecnologia, o que permitirá a produção da vacina em território brasileiro, provavelmente a partir do segundo semestre do ano que vem.

“Já temos informações sobre os insumos necessários para as plantas de fabricação, adaptações que precisarão ser feitas em biorreatores e processos de centrífugas”, afirmou Callado. “Uma parte dos insumos está disponível no Brasil; outra parte terá de ser importada. Mas estamos percebendo que os fornecedores estão se organizando, em nível internacional, para suprir essas demandas”.

Ainda segundo o presidente do Tecpar, o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações têm demonstrado intenção de apoiar a instituição com recursos para ampliação das plantas de produção e para realização de mais pesquisas.

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