Os motoristas que hoje fazem jornada dupla em 62 linhas que cortam a cidade, dirigindo e fazendo o papel de cobradores, comemoram a mudança de rotina que terão a partir de 1.º de agosto. Os passageiros não poderão mais pagar a tarifa com dinheiro nas linhas que utilizam ônibus sem cobradores.

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Porém, os motoristas dizem não saber ainda como lidar com percalços que podem surgir, como o caso do auxiliar administrativo Júlio de César, que afirmou que vai desafiar o novo sistema. “Não vou fazer o cartão e vou usar o ônibus. A prefeitura que se vire, é problema dela não querer me cobrar”, desafia o jovem.

Os usuários contrários à mudança já preocupam os motoristas, mas ainda assim, eles aprovam o novo sistema. “Não pensei nisso ainda. Se a pessoa insistir em entrar usando dinheiro, não sei como vou fazer. Mas gostei da mudança pela segurança que trará para todos”, comenta Fabrício Pereira, que trabalha como motorista da linha Vila Izabel.

Já Thiago Elias, que trabalha há dois anos como motorista, ressalta também que não ter de cobrar a tarifa vai agilizar todo o trabalho. “Sempre atrasa você ter que parar para dar troco. Agora vai agilizar bastante a viagem e vai trazer segurança para nós e para os passageiros”, explica.

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Procura

Muitos curitibanos que utilizavam apenas dinheiro já estão correndo atrás do cartão transporte, para não ter qualquer tipo de contratempo futuramente. Ontem, primeiro dia de funcionamento de três postos volantes (Travessa Nestor de Castro e Terminais de Santa Felicidade e Cabral), o atendimento mais que dobrou. Foram emitidos 842 cartões, para uma média diária de 356 por dia. A unidade da Travessa Nestor de Castro teve filas o dia todo, mas com atendimento rápido.

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Muitas pessoas que nem tinham a intenção de fazer o cartão anteciparam o processo por encontrarem a Kombi que serve de posto volante. “Eu ia fazer o cartão, mas não hoje. Como encontrei este ponto aqui, já aproveitei. Acho muito boa esta mudança, pela segurança que traz. Não precisamos mais andar com dinheiro”, disse a dona de casa Indianara Azevedo.

Gerson Klaina
Como a grande maioria dos motoristas, Fabrício apoia a medida.

O empresário Benhur Savegnago também aproveitou para fazer seu cartão e já orientou sete de seus funcionários a fazerem o mesmo. “É rápido para fazer, não leva nem 15 minutos. Sempre paguei o ônibus em dinheiro, porque não tinha tempo de ir fazer o cartão. Agora já aproveitei”, defende o Benhur.

Mas há quem não tenha gostado das mudanças. O estudante Marcos Roberto Stival vai alterar seu itinerário para não ter de fazer o cartão de transporte. “Acho uma palhaçada não poder pagar em dinheiro. Não uso sempre, então não tenho o cartão. Vou usar o biarticulado Centenário que para mais longe, mas pelo menos posso pagar em dinheiro”, reclama o estudante, que utiliza o micro-ônibus que percorre a linha Palotinos.

Campanha

De acordo com a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), hoje 55% dos 1,1 milhão de passageiros utilizam o cartão de transporte. O objetivo da autarquia é chegar a 100%. Para isso, já iniciou uma campanha com panfletos e publicidade nos terminais e pontos de ônibus para incentivar o uso do cartão.

A prefeitura promete ampliar, a partir de 1.º de agosto, os pontos de recarga do cartão transporte para 23 endereços em toda a cidade, em bancas de jornal credenciadas. Também será possível comprar cartões avulsos, que custam R$ 3 e podem ser carregados até o limite de 25 créditos.