Foto: Chuniti Kawamura/O Estado |
Pinheirinho: disputa para entrar no ônibus começa no ponto. continua após a publicidade |
Os terminais do transporte coletivo de Curitiba, criados há décadas, já não suportam a enorme demanda de passageiros, provenientes da cidade e de toda a Região Metropolitana. Ao longo dos anos, foram adaptados para comportar novas linhas e uma maior quantidade de ônibus. Chegaram, porém, no limite. Além da questão de infra-estrutura, alguns usuários apontam problemas na manutenção dos terminais.
Os banheiros do terminal do Cabral são alvo das reclamações do usuário Júlio Cézar Correa. ?Simplesmente não dá para usá-los?, afirma. Ele ainda cita as pichações como pontos desfavoráveis. Há duas semanas, quando a reportagem de O Estado visitou o local, o túnel de acesso aos dois lados do terminal estava completamente preenchido pelas pichações. Na semana passada, as paredes foram pintadas, mas já estão pichadas de novo. ?As pichações deixam o terminal com um visual muito feio?, comenta a auxiliar de cozinha Eliza Cristina Luciana. Alguns usuários, que não quiseram ser identificados, frisaram ainda que ocorrem constantemente assaltos e roubos no local, à luz do dia e para quem quiser ver.
Eliza lembra que outro problema do terminal do Cabral é a fila de espera pelos ônibus. ?São filas enormes e não há organização. Nos horários de pico, as pessoas entram sem respeitar a ordem. É uma loucura?, esclarece. Essa desorganização também é lembrada pelo corretor de imóveis Valter Ferreira dos Santos, que passa freqüentemente pelo terminal do Pinheirinho. ?A aglomeração de pessoas nos terminais gera tumultos, principalmente quando se pega os Alimentadores ou o Ligeirinho?, conta.
Santos também revela que o estilo do terminal do Pinheirinho, com diversas aberturas nas paredes para o lado da rua e telhados vazados, não favorecem os usuários nos dias de chuva. ?Quando chove forte, o pessoal fica muito exposto e se molha?, relata. O mesmo acontece com aqueles que precisam pegar ônibus nos terminais de grande porte e construídos no mesmo estilo do Pinheirinho, como Santa Cândida e Boqueirão.
No terminal do Hauer, a reportagem de O Estado constatou pichações em partes da cobertura do terminal. Também encontrou corroídas as estruturas metálicas, que dão suporte à cobertura do local. O aposentado Pedro Matheus revela um problema no terminal do Hauer, que também está presente em outros terminais. Quem está de um lado não consegue ver as placas de identificação das linhas de ônibus do outro. Precisa atravessar o túnel para procurar.
Apesar desses pontos, Matheus acredita que a unidade está conservada. ?A sujeira presente nos terminais são aquelas que não dá para tirar fácil, como as pichações e os chicletes grudados no chão?, declara. Ele diz que um dos melhores terminais de ônibus não está em Curitiba, mas em Pinhais, na Região Metropolitana. ?Foi um dos últimos construídos e é muito moderno. Há passarela por cima da pista?, conclui.
O técnico em telecomunicações Antônio Pereira, que usa normalmente o terminal do Santa Cândida, não vê problemas no local. ?O terminal é bom. Está tudo sempre limpo e muito tranqüilo?, aponta. A mesma opinião tem a aposentada Vera do Rocio Juliano, quanto ao terminal do Portão, e o operador de máquinas Marcelo Camargo de Jesus, em relação ao Pinheirinho.
Prefeitura prevê obras de restauração em quatro locais
A Prefeitura de Curitiba vai restaurar quatro terminais a partir de 2006: Cabral, Hauer, Campina do Siqueira e Capão da Imbuia. Segundo José Antônio Andreguetto, diretor de transportes da Urbs, órgão que coordena o transporte coletivo municipal, a reestruturação será total nestes terminais. ?Quando terminar, vai parecer que um terminal novo foi construído. Praticamente eles serão demolidos e construídos outros em cima?, afirma.
Os recursos para as obras vêm do pacote conseguido pela administração municipal junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujas verbas serão usadas também na construção do Eixo Metropolitano, na BR-476. O objetivo das reformulações é dar maior mobilidade aos usuários e também aos ônibus. ?Os terminais foram dimensionados para um época totalmente diferente da atual. O número de passageiros aumentou muito com a integração. O terminal do Cabral absorveu a demanda de Colombo e Almirante Tamandaré, por exemplo?, acrescenta Andreguetto.
De acordo com ele, há muitos anos não se investe nos terminais da cidade. ?Não só em aparência, mas também em funcionalidade. Hoje tem que ser mais dinâmico?, argumenta. Os terminais com maior movimento de usuários registram médias de 100 mil passageiros por dia. Cada terminal de Curitiba foi projetado para um volume de atendimento 60% menor do que é hoje, conforme informou a Urbs. A intenção da Urbs é reformular todos os terminais da cidade, em menor ou maior escala de proporção.
Manutenção
Sobre a manutenção dos terminais, Andreguetto diz que há uma equipe especializada nesse serviço em cada local. A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que há um grupo de guardas municipais que são apoio à Polícia Militar na questão dos assaltos, principalmente quanto à prevenção. Seis viaturas fazem a acompanhamento nos eixos do transporte público. Mesmo não tendo poderes de Polícia, a presença da Guarda Municipal acaba inibindo muitas ações. (JC)