Os faróis dos carros são usados de forma incorreta pela população. Quem afirma é um dos fundadores da Associação Nacional de Pesquisa e Preservação Ambiental (Aninpa), professor Jacob Bettoni, que lançou há alguns anos uma campanha para o uso adequado dos faróis automotivos. Acender a luz durante o dia, a não ser em lugares fechados como garagens e túneis, traz sérios prejuízos para pessoas e animais.

Bettoni conta que, durante a formulação do Código Brasileiro de Trânsito, o mercado automotivo se aliou a alguns setores do governo federal e começou a lançar uma grande campanha para usar o farol mesmo com a luz solar, caracterizada como poluição luminosa. “Um farol dura em média entre 600 e 700 horas. Evidente que, no País dotado da maior luminosidade do mundo, não havia como aumentar o consumo. Eles criaram leis de obrigação do uso constante do farol”, afirma.

O professor explica que a glândula pineal é responsável pela produção de neurotransmissores essenciais para o ser humano, que só funcionam com a luz natural: “Quando não se está exposto ao sol, produzem uma série de danos. Causa um estresse muito grande e perturba a atenção do motorista. Ele vai minando o organismo gradualmente, o que aumenta o envelhecimento. Quem vê a luz é a maior vítima. Os pedestres também são perturbados”, comenta. “Em uma viagem de carro, por exemplo, o motorista chega mais estressado ao destino do que chegaria se não enfrentasse tantos faróis acesos”.

Ele cita como outro exemplo de poluição luminosa os faróis com grandes feixes de luz que incidem de baixo para cima, mesmo à noite: “Eles atrapalham toda a vida noturna aérea dos insetos e animais. Se focar uma lanterna neles, ficam imobilizados”. O professor acredita que a solução é criar motoristas inteligentes, que usam o farol de forma correta: “Enquanto os carros não forem inteligentes, com fotocélulas que determinam quando acendem ou apagam as luzes, os motoristas devem cumprir esse papel”.

A campanha para o uso adequado dos faróis já percorreu várias cidades do Brasil, quando foram entregues panfletos para a orientação da população. A causa também serviu como base para a criação de um projeto de lei na Câmara dos Deputados sobre o assunto. Esse projeto é um dos finalistas do prêmio SuperEcologia, iniciativa da revista Superinteressante. Os vencedores serão conhecidos no final deste mês.

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