O comitê executivo do Fórum Social do Mercosul decidiu incluir – à pedido de Danielle Mitterrand, presidente da Fundação France Libertés – a questão do uso da água e o Aqüífero Guarani entre os principais painéis de debates do encontro latino-americano que será realizado entre os dias 26, 27 e 28 de janeiro de 2008 em Curitiba.
?A água é um tema vital pelo qual estaremos fazendo estudos e projetos (na Fundação France Libertés). Para fazer com esse tema entre na pauta dos governos é preciso ter muita força política e muita convicção. Porque diante de nós temos um rolo compressor, uma força do poder financeiro que não mede limites para chegar aos seus objetivos?, disse Danielle ao aceitar o convite a participar do fórum.
A patronesse do encontro que reunirá representantes dos movimentos sociais da América Latina no Paraná disse que a sua entidade há tempos percebeu a importância debater a questão uso das águas pelas nações e principalmente nos países do Cone Sul ? região onde está localizada a maior reserva subterrânea de água doce do mundo: o Aqüífero Guarani. Ela acompanhou a mobilização dos movimentos sociais na tentativa de privatização do uso das águas nas cidades de Buenos Aires (Argentina), Cochabamba e La Paz (Bolívia) e acredita muito na força da mobilização política dos movimentos sociais.
?Quando a população, a sociedade, toma consciência do poder que ela tem, quando está determinada, fica muito difícil aos governantes ignorar a força da sociedade civil organizada. E é preciso organização e força e poder de convencimento para travar essa batalha diante da força dos poderes dos governos liberais e neoliberais que estão tentando impor sua agenda em toda parte nos quatro cantos do mundo?, disse Danielle.
Aqüífero Guarani
Na reunião do comitê executivo do fórum, Danielle Mitterrand foi saudada pela presidente da UPE, Fabiana Zelinski; pela representante da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Alzimara Barcellar; pela juíza de direito, Luizlinda Valois Dias dos Santos ? representante das mulheres negras; e pelo vice-presidente do Parlamento do Mercosul, deputado federal Doutor Rosinha (PT-PR). ?Eu sou da região da tríplice fronteira e essa discussão sobre a questão da água é de extrema importância, é uma questão de soberania nacional e de preservação dos povos?, disse Fabiana Zelinski, presidente da UPE (União Paranaense dos Estudantes).
?No Paraná somos exemplo de como resistimos à política neoliberal quando as mulheres e o conjunto da população saíram em defesa da Sanepar e da Copel, o que resultou num avanço significativo de políticas sociais ao povo. Hoje são duas empresas sobre o controle do povo e que praticam tarifas sociais, isentam as populações mais pobres, e tem as tarifas mais baixas do país que beneficiam homens e mulheres paranaenses que precisam desse bem precioso que é a água?, disse Alzimara Barcellar.
A representante da CMB disse que na chamada geral pela integração latino-americana, realizada em julho, já debateu a questão do uso da água. ?Dois terços do aqüífero estão em terras brasileiras e mais de 12 milhões de famílias que vivem nessa região vão depender dessa água. Nós temos uma luta em comum com a senhora e com sua fundação na preservação desse patrimônio que é nosso?, completou Alzimar.
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