Foto: Átila Alberti |
No Marco Zero da cidade, o urbenauta conversa sobre seu livro com pequenos admiradores. continua após a publicidade |
Eduardo Emílio Fenianos se tornou uma figura folclórica em Curitiba devido ao seu projeto Urbenauta, de onde surgiram ao menos 40 livros de fotos e textos. Concebida em 1990, a idéia levou o pesquisador e jornalista a uma verdadeira expedição urbana atrás da relação entre seres humanos, a cidade, a natureza e a educação. Ontem, o trabalho de Fenianos teve seu ápice com o lançamento da coleção Bairros de Curitiba, que soma 34 volumes sobre os bairros da capital paranaense, reunindo informações de conteúdo histórico, atual, geográfico e muitas curiosidades desconhecidas de grande parte da população destes locais.
Para o pesquisador, o lançamento fecha um ciclo dentro do projeto Urbenauta. E justamente enquanto contava à reportagem de O Estado, durante uma entrevista no Marco Zero de Curitiba, na praça Tiradentes, que pretende agora se dedicar à divulgação da história da cidade entre os alunos das escolas curitibanas, uma turma de 4.ª série de um colégio particular chegava ao local para uma visita, guiada por uma professora empunhando justamente um dos livros de Fenianos.
?É exatamente isto que quero. Não estou preocupado em fazer grandes obras, acredito que o futuro do projeto é ver a pesquisa sendo colocada em prática?, disse emocionado.
A professora Maria Inês contou que foi depois que a escola recebeu um dos livros do urbenauta que as crianças se sentiram instigadas a ir atrás daquelas histórias contadas, de uma cidade que era ao mesmo tempo tão íntima e tão desconhecida. ?Aqui no centro, por exemplo, a maioria nunca tinha andado. Sempre passaram de carro, mas nunca desceram para saciar a fascinação?, disse a professora.
Para Fenianos, este tipo de situação, que desconecta as pessoas do lugar onde vivem, é um problema para a cidadania. ?Para se ter uma cidade ideal, é preciso formar cidadãos ideais?, apontou.
Sisudos?
Depois de todos estes anos de pesquisa sobre Curitiba, o urbenauta é capaz de apontar diversas mudanças na cidade e em seus habitantes. Para ele, a mais famosa característica do curitibano, a sisudez, depende ?de por qual Curitiba se viaja?. ?Se você está em um bairro onde a maioria dos moradores é de descendentes poloneses, como o Santa Quitéria, é normal encontrar pessoas mais fechadas e tímidas. Faz parte das circunstâncias que os trouxeram ao Brasil. Já quando se vai à Santa Felicidade, por exemplo, um lugar eminentemente festivo, a característica das pessoas é oposta.? Fenianos diz que se a visita é em algum dos bairros mais periféricos, não se encontra mais o curitibano sisudo.
Mas para ele, a principal mudança observada diz respeito ao rótulo de cidade ecológica. ?Curitiba aprendeu em pouco mais de dez anos a aproveitar muito de seu potencial turístico. Mas por outro lado, como dizer que é uma cidade ecológica se todos os rios da cidade estão poluídos? Percebo que este e outros problemas, como o desrespeito às leis municipais, permitindo a expansão de antenas de celular em bairros residenciais, ou se derrubando construções históricas e tombadas em favor de conglomerados imobiliários fará com que em 50 anos Curitiba passe por uma ?são-paulinização?.
Serviço:
Os livros da coleção Bairros de Curitiba é um lançamento da editora Univer Cidade e podem ser adquiridos através do site www.urbenauta.com.br.