O Censo da Educação Superior 2003, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostrou que o Brasil tinha 3.887.771 estudantes universitários no ano passado, o que significa um aumento de 11,7% nas matrículas em relação a 2002. O crescimento foi maior no setor privado, de 13,3%, contra 8,1% no setor público.
O levantamento constatou um índice de ociosidade de 42% nas vagas abertas no ano passado pelas instituições privadas. O motivo, segundo o Ministério da Educação (MEC), seria a concentração da oferta em regiões, cidades ou mesmo em determinadas áreas do conhecimento. A ociosidade nas universidades federais foi de 0,7%.
Pela primeira vez, o número de vagas oferecidas em um ano superou o número de concluintes do ensino médio. Em 2003, foram abertos dois milhões de vagas – apenas 1,9 milhão de estudantes tinham concluído o ensino médio em 2002. As universidades federais, no entanto, ofereceram 2,2% a menos de vagas para novos alunos em 2003, enquanto nas particulares houve crescimento de 16,5%. De acordo com o MEC, a redução da oferta de novas vagas ocorreu porque cursos específicos de formação de professores criados em 2001 e 2002, mediante convênio, não tiveram continuidade.
A expansão do número de alunos no ensino superior em 2003 (11,7%) foi menor do que em 2002, quando o total de universitários subiu 14,8%. O ministro da Educação, Tarso Genro, disse que o empobrecimento da população pode ter contribuído para diminuir o ritmo de crescimento. As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores taxas de matrículas – 21,1% no Norte e 15,3% no Nordeste. O Amapá deu um salto de 64% e foi o estado com a maior taxa. Roraima teve taxa decrescente – as matrículas caíram 5%.
Paraná
No Paraná o total de estudantes que encerraram seus cursos universitários em 2003 foi de 41.190, dos quais 14.945 estudavam em Curitiba, e o restante, 26.245, no interior do Estado. Dos estudantes paranaenses, 16.725 concluíram seus cursos de graduação em universidades públicas. A maior parte dos formandos, 24.465 terminou a graduação em universidades particulares.
Entre as instituições públicas, as universidades estaduais foram as que mais formaram, com 12.293 acadêmicos. Outros 3.864 receberam o diploma de instituições federais, enquanto 568 em universidades municipais. Nas instituições privadas, 19.034 estudantes formaram-se em universidades particulares e 5.431 em faculdades comunitárias ou filantrópicas.
Vagas devem ser disponibilizadas
Brasília – O número de vagas ociosas no ensino superior cresce cada vez mais. Os dados do Censo da Educação Superior 2003 mostram que a diferença entre o número de vagas oferecidas e o número de alunos que realmente entraram nas instituições de ensino superior alcançou 42,2% nas universidades particulares e 5,1% nas instituições públicas. O levantamento foi realizado pelo Inep em 1.859 instituições públicas e privadas.
“Isso é um escândalo. Nós temos milhões e milhões de jovens querendo entrar nas universidades, e não conseguem. São vagas ociosas que devem ser disponibilizadas para a população, por sistemas de bolsas e negociação”, ressaltou o ministro da Educação, Tarso Genro.
No censo anterior, esse número foi de 37,4%, o que significa aumento real de cinco pontos percentuais no período de um ano. No total, o número de vagas ociosas pode chegar a 700 mil em todo o ensino superior. “O que existe é um processo de empobrecimento geral da sociedade brasileira que se reflete, ao longo desses últimos 20 anos, nas instituições de ensino particulares”, avaliou o ministro.
O diretor do Departamento de Estatística e Avaliação do Ensino Superior do Inep, professor Dilvo Ristoff, relaciona outros três fatores ao aumento do número de vagas ociosas nas universidades particulares. Para ele, devem ser levados em conta o excesso de oferta de vagas numa determinada região do País, excesso de cursos de uma determinada área do conhecimento e a qualidade dos cursos oferecidos por essas instituições: “Antes de entrar numa faculdade, o aluno vai questionar pelo que está pagando, se o curso realmente tem qualidade”, observou.
