Vanderlei Farial / O Paraná |
Em cascavel, docentes percorreram continua após a publicidade |
As universidades estaduais do Oeste do Paraná (Unioeste), do Centro-Oeste (Unicentro) e de Ponta Grossa (UEPG) realizaram ontem uma paralisação de 24 horas como forma de mobilização para cumprimento de suas reivindicações junto ao governo do Estado. As exigências são reajustes salariais, aprovação dos planos de cargos, carreiras e salários dos servidores e repasse de orçamento já aprovado pelo Estado. As universidades estaduais de Londrina (UEL) e Maringá (UEM) não aderiram à paralisação. Mesmo assim, a possibilidade de uma greve não é descartada.
A Unioeste teve paralisação total. Segundo a professora Francis Nogueira, do Sindicato dos Trabalhadores da Unioeste (Sinteoeste), não houve aulas, apenas parte das atividades administrativas funcionou e a reitoria trabalhou a portas fechadas. Assim como as demais instituições, a Unioeste reivindica, além do reajuste salarial e aprovação dos planos de cargos, carreiras e salários dos servidores técnico-administrativos, o repasse do orçamento de cerca de R$ 30 milhões já aprovado no início deste ano pela Assembléia Legislativa para ser destinado às universidades estaduais. ?A previsão é que o governo nos repasse somente 6,64% do ICMS, um dos índices mais baixos desde 1994, sendo que a arrecadação aumentou de R$ 2 bi para R$ 6 bi?, contrapõe. Quanto a uma possível greve, ela afirma que ?está sendo construída a possibilidade de a fazermos. Nós não temos intenção nenhuma que isso aconteça, mas é o governador quem vai decidir isso?, justifica. Ela afirma que a paralisação realizada ontem foi ?uma demonstração de que estamos insatisfeitos quanto à posição do governo?.
Na Unicentro, houve paralisação total no campus de Irati e parcial nos dois campi de Guarapuava. Nestes últimos, segundo a presidente da Associação dos Docentes da Unicentro (Adunicentro), Sandra Lourenço, foi realizado pela manhã um movimento de conscientização sobre a importância do reajuste salarial dos servidores. As aulas e atividades administrativas, porém, foram normais. Apesar da decisão por não paralisar as atividades, a presidente da associação confirmou que houve paralisação parcial nos dois campi de Guarapuava. ?Alguns cursos aderiram por conta própria.?
Já em Irati, a adesão causou surpresa. ?Ficou praticamente tudo paralisado. Nós mesmos nos admiramos com essa participação?, disse Sandra.
UEL e UEM não aderiram à paralisação. Segundo a assessoria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Superior em Maringá (Sinteemar), esse sindicato e o Sindicato dos Professores de Londrina (Sindiprol) estão no aguardo do repasse aprovado em janeiro. A Associação dos Docentes da UEM (Aduem) chegou a realizar assembléia para discutir a paralisação, mas quase não houve adesão dos professores. A reportagem não conseguiu contatar nenhum representante do Sindiprol para saber efetivamente sobre a paralisação em Londrina. As informações referentes à UEPG, de acordo com Sandra Lourenço, são que, ao menos pela manhã, houve adesão efetiva à paralisação.
Governo e docentes: troca de acusações
A professora da Unioeste Francis Nogueira argumentou que o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado, Aldair Rizzi, ?afirmou no ano passado, junto ao comitê das entidades representativas, que o ensino superior não é prioridade do governo do Estado?. O secretário se defende: ?Não foi nada disso. O que eu disse é que, dentro das prioridades, nós iríamos primeiro recuperar a organização das universidades, rever a disposição dos cursos e criar condições de planejamento. Isso significa priorizar as universidades, sim?.
Questionado sobre a paralisação, o secretário Aldair Rizzi afirmou que foi irrisória. ?Quase não existiu. Foi num momento inoportuno, o que pode ser refletido na pouca adesão que teve.? Quanto às reivindicações, Rizzi diz que o governo já fez o abono salarial para os técnicos administrativos e se considera comprometido com o plano de cargos e salários. ?Estamos fazendo políticas de investimentos para as universidades e discutindo com os sindicatos a elaboração de uma proposta para isso?, concluiu. (LM)