Unioeste está perdendo professores

Os salários defasados estão forçando muitos docentes a deixarem a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que possui cinco campi – Cascavel, Francisco Beltrão, Marechal Cândido Rondon, Toledo e Foz do Iguaçu. Somente no ano passado, 46 docentes saíram da instituição por causa dos baixos rendimentos. Com isso, ficam prejudicados o ensino, a pesquisa e a extensão.

Os docentes que a Unioeste perdeu em 2006 foram um pós-doutor, 24 doutores, 9 mestres e 12 especialistas.

Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores da Unioeste (Sinteoeste), o salário de um docente com graduação em início de carreira, para uma jornada de 40 horas semanais, é de R$ 960. Enquanto isso, um técnico administrativo de nível superior ganha R$ 1.856,18 pela mesma quantidade de horas trabalhadas. Os docentes querem a equiparação dos salários.

As perdas salariais acumuladas nos salários dos professores chega a 26,51%, de janeiro de 2003 a dezembro de 2006. Se contabilizado o período entre março de 1997 e dezembro de 2006, as perdas são de 90,87%, segundo dados do sindicato. Abatendo os ganhos de 2002 e 2005 que os docentes receberam, as perdas acumuladas variam entre 26,73% e 52,62%. A categoria vem negociando a reposição e a equiparação com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

De acordo com Ivã José de Pádua, presidente do sindicato, no ano passado foi aprovado um projeto de lei na Assembléia Legislativa para a equiparação dos salários de docentes com os de técnicos administrativos de nível superior. Mas o projeto foi vetado pelo governo do Estado, que se comprometeu em estudar o assunto e apresentar uma contra proposta. Pádua afirma que o governo ainda está realizando os levantamentos.

Enquanto isso, as vagas dos docentes que deixaram a Unioeste por causa dos baixos salários estão sendo preenchidas por meio de concursos públicos e de teste eletivo. Neste último caso, os professores são contratados apenas para darem aula. Assim, a pesquisa e a extensão ficam ainda mais prejudicadas.

O diretor-geral da Seti, Jairo Queiroz Pacheco, reconheceu que há defasagem nos salários dos professores universitários e que há evasão de docentes nas universidades estaduais, mas disse que não se pode relacionar os dois fatos, uma vez que o problema de evasão é histórico nas instituições. ?Sempre houve evasão, mesmo quando os salários estavam adequados. Não há como atribuir esse problema à defasagem dos salários. Outro exemplo é que não são os professores com menores salários os que mais saem das universidades?, disse.

Pacheco revelou que há um grupo de trabalho formado por profissionais da Seti, das Secretarias de Administração e de Planejamento e lideranças sindicais para tentar reestruturar as carreiras dos professores universitários, corrigindo a defasagem. ?Esse grupo está avaliando a real situação dos professores, das contas e possibilidades do Estado para construir uma proposta que o Estado tenha condições de cumprir?, explicou. 

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