A Unimed Curitiba aplicou mais um redutor nos honorários dos médicos cooperados. Em assembléia geral realizada em 19 de janeiro, da qual participaram pouco mais de 200 médicos, de um total de 3,7 mil cooperados, foi aprovada uma redução de 50% sobre o valor de uma série de exames auto-gerados, ou seja, aqueles que o próprio médico realiza no seu paciente. Se especialistas de determinadas áreas emitirem solicitações acima de uma cota estipulada pela Unimed, irão sofrer uma diminuição no Coeficiente de Honorários – a unidade monetária usada como base para a remuneração dos cooperados – que passa de R$ 0,21 para R$ 0,108.
O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Donizetti Giamberardino Filho, afirma que esse tipo de medida não tem o apoio do conselho. Ele acredita que a medida está sendo tomada devido ao exagero na quantidade de requisições de alguns médicos. "Cerca de 100 dos 3,7 mil cooperados solicitam uma quantidade de exames muito acima da média."
A decisão pode prejudicar a atividade de várias especialidades, como cardiologia, pediatria e neurologia, pois, para muitas delas, a realização de exames é essencial para o diagnóstico.
A Unimed Curitiba foi procurada diversas vezes para esclarecer a medida, mas não se pronunciou. A assessoria da entidade informou ontem que a única pessoa autorizada a falar a respeito do assunto seria o presidente Robertson D’Agnoluzzo mas, como ele estava viajando, poderia falar somente hoje.
Medidas polêmicas
Essa não é a primeira decisão da Unimed que gera controvérsias. Desde julho do ano passado, a Unimed Curitiba vem adotando um novo critério para pagamento das consultas aos médicos conveniados. A chamada "consulta bonificada" prevê o pagamento de um bônus aos médicos que não ultrapassarem uma cota de exames requisitados. Essa cota foi estabelecida pela média de exames solicitados por especialidade médica nos três meses anteriores. Com isso, o médico que obedece o limite de requisições recebe R$ 30,71 por consulta. Já os que ultrapassarem a média ficam sem a bonificação e ganham R$ 27 por consulta realizada.
Em matéria publicada em O Estado, no dia 14 de janeiro, o presidente da Unimed Curitiba, Robertson D’Agnoluzzo, defendeu a medida dizendo que a polêmica gerada pela adoção das consultas bonificadas é infundada. Para ele, não se trata de uma medida que limita a atuação médica, mas que estabelece um pequeno estímulo para aqueles que conseguirem manter as solicitações de exames até a média histórica. A empresa teria resolvido tomar essa medida de racionalização após identificar que cerca de 30% dos exames solicitados sequer são buscados no laboratório. Segundo D’Agnoluzzo, o excesso nas solicitações acarretaria custos inclusive para o próprio paciente.
Na ocasião, o presidente do CRM disse que se tratava de uma questão administrativa com o objetivo de reduzir custos, mas que vincular à diminuição de solicitação de exames a remuneração era algo questionável.
Para Giamberardino, o trabalho do médico não poderia ser prejudicado por influências dessa ordem. No entanto, ele disse acreditar que nenhum médico estaria deixando de solicitar exames e pondo em risco a vida de um paciente por causa de uma bonificação tão pequena.