Segurança, vigilância, combate à pichação, impostos, reformas política e tributária… Tudo isso é assunto para a polícia e aos políticos, lá em Brasília, certo? Não se você mora ou trabalha no Capão Raso. No bairro da região sul de Curitiba, moradores, comerciantes e empresários decidiram tomar as rédeas da situação e agir para melhorar a vida de todos.

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Quem mobiliza a comunidade e comanda as ações, que vão desde a vigilância do bairro até campanhas de esclarecimento sobre impostos e o sistema político, é a Associação Comercial do Capão Raso (ACCR). Na ativa desde 2005, a entidade conta atualmente com cerca de 200 filiados.

É na área da segurança pública que acontecem as campanhas mais efetivas. “Todo mundo reclama de falta de segurança, mas sabemos dos problemas que os policiais enfrentam, como falta de equipamentos e efetivo. Então, procuramos saber o que poderíamos fazer para ajudar”, diz o presidente da ACCR, Claudio José Turin.

Parceria

Marco André Lima
“Vizinho Olho Vivo” é mais uma campanha pra reduzir a criminalidade no bairro.

Uma das primeiras atitudes foi contribuir para o diagnóstico correto da situação do bairro. “Quando procurávamos as autoridades, falavam que o Capão Raso era bairro tranquilo, com base nas estatísticas. Mas isso acontecia porque as pessoas não registravam os crimes que eram vítimas. Muita gente não sabe que é possível fazer isso pela internet. Então lançamos a campanha para que todos registrem seus BOs, aumentando bastante o número de boletins efetivados”, conta Cláudio.

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Parceria com a Polícia Militar e a Guarda Municipal também permitiu que os comerciantes do bairro tivessem acesso a uma linha direta pelo celular com os policiais que circulam pelo bairro, sem precisar ligar para o 190. Em caso de assalto, a viatura que circula pelo bairro é acionada sem intermediários.

Pacto pra vigilância comunitária

Outra campanha da Associação Comercial do Capão Raso que está ajudando a reduzir a criminalidade no bairro é a “Vizinho Olho Vivo”. Na prática, se trata de pacto entre os estabelecimentos para a vigilância comunitária da região. “Muitos vizinhos nem se conhecem e não se comunicam, facilitando a vida dos bandidos”, afirma o presidente da entidade.

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Com a campanha, os comerciantes do bairro estão sempre em contato. Em caso de movimentação estranha em frente a uma loja ou empresa, um dos vizinhos liga para o proprietário e faz o alerta. Para intimidar os criminosos, plaquinhas são fixadas na porta dos estabelecimentos, identificando-os como local monitorado.

Mobilização

Marco André Lima
Ação dá resultado, confirma Deniz, dono de loja de autopeças.

Dono de uma loja de autopeças, Deniz Hermógenes Ferreira diz que a ação dá resultado. “Sempre funciona. É muito importante que todos fiquem de olho e se comuniquem. Tenho a loja desde 1996 e, graças a Deus, nunca recebi a visita dos marginais”, comemora.

Para Claudio Turin, o desafio agora é mobilizar, além dos lojistas, toda a, comunidade de moradores do bairro. “É mais complicado, porque muitos não querem se preocupar. Quando há assalto a casa, as pessoas se mobilizam, mas pouco tempo depois esquecem”, lamenta.

Além da segurança, a Associação também se preocupa em conscientizar seus filiados e todos os que moram ou passam pelo bairro sobre alguns dos principais problemas do país. A entidade já elaborou panfletos e cadernos com informações sobre a carga tributária dos produtos usados no dia a dia e sobre corrupção, o sistema eleitoral e reforma política.