Neste final de semana, Curitiba comemora o primeiro ano da oferta dos exames de aids em qualquer uma das unidades básicas de saúde. Para romper a barreira do preconceito, a Prefeitura ampliou de um para 93 o número de locais onde as pessoas podem realizar o exame para detectar a presença, ou não, do vírus HIV.
Neste primeiro ano, mais de 12,1 mil curitibanos tomaram a decisão de procurar a unidade mais próxima da sua casa para saber se tinham o vírus da doença, além de outros 6,8 mil que fizeram o exame no Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), antes o único local onde era possível fazer o teste de HIV.
Do dia 1.º de dezembro do ano passado até o dia 30 de outubro deste ano foram realizados 18,9 mil exames contra 10,2 mil feitos de 1.º de dezembro de 2000 a 30 de outubro do ano passado, um crescimento de 85,29%. “Convidamos todos que, em algum momento, viveram uma situação de risco, ou seja, quem costuma ter relações sexuais sem camisinha ou tem múltiplos parceiros, que façam o exame de graça na unidade de saúde mais próxima. Não é preciso passar por consulta médica. Basta decidir fazer o exame”, diz a coordenadora do programa, Raquel Cubas. Ela lembra também que os sintomas da aids podem levar até dez anos para se manifestar.
Na avaliação da coordenadora, a iniciativa de Curitiba, há um ano, foi bastante avançada. “Em Curitiba, as pessoas já não precisam se esconder para fazer o exame. Várias cidades têm nos procurado para que nós possamos mostrar como implantamos o serviço na cidade”, conta, ao informar que “Preconceito e Discriminação” é o tema do Dia Mundial de Luta contra a Aids que acontece no próximo domingo, mas que será comemorado em Curitiba no sábado.
Para marcar a data, a Comissão de DST e Aids do Conselho Municipal da Saúde unirá organizações não-governamentais e outras entidades na Boca Maldita, numa espécie de túnel da saúde. Quem visitar a barraca das 9h às 14h poderá receber orientações sobre doação de sangue, doenças sexualmente transmissíveis e hepatite, informações sobre o uso de preservativos, hemofilia, mulheres e aids.
Durante o primeiro ano de oferta do serviço, 4% dos que fizeram o teste tiveram resultado positivo. Todos eles foram encaminhados para o serviço de referência e têm o acompanhamento necessário com a realização de exames, atendimento médico e, quando necessário, aos medicamentos.
De 1984 até agora, foram notificados 5.365 casos de pessoas com aids em Curitiba, dos quais 3.828 são homens e 1.537 mulheres. Nesse grupo estão as pessoas que já tiveram as manifestações da doença. O número de mulheres com aids tem aumentado. Em 1984, havia uma mulher contaminada para cada sete homens.
Hoje, há uma mulher contaminada para cada dois homens. “Já não é uma doença exclusiva de homens”, diz Raquel Cubas. Os que são portadores do vírus HIV e não manifestam os sintomas da doença não são considerados casos notificados.