De um lado a precariedade no serviço público de saúde prestado por uma unidade que opera além da capacidade. Do outro, a insatisfação dos pacientes com o atendimento recebido. Na Unidade de Saúde Rio Bonito, em Campo do Santana, isso transformou o local de trabalho dos servidores de lá em um ringue, onde agressões de todo o tipo viraram rotina.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) informa que, mensalmente, pelo menos dez situações envolvendo xingamentos, violência física e até assaltos ocorrem na unidade. Nesta semana, em um dia de inspeção, foram testemunhadas duas situações que violam qualquer princípio de civilidade, respeito e segurança.
Na primeira, a servidora foi atingida de raspão por uma cadeira. Depois um enfermeiro teve o armário revirado e a carteira roubada em uma tentativa de furto. “Isso se deve a falta de condições de trabalho do local. Quando a unidade foi inaugurada, a população da região não tinha 18 mil habitantes. E, agora, o número estimado chega a 30 mil pessoas para a mesma infraestrutura”, aponta a coordenadora de estrutura do Sismuc, Carla Vanessa Alves Lopes.
De acordo com ela, foram acordadas com o Distrito de Saúde do Pinheirinho algumas medidas emergenciais e encaminhamentos para a próxima gestão. “Portão automático e intensificação do patrulhamento da Guarda Municipal serão ações imediatas. Mas ficará para o novo prefeito questões como o esgotamento da unidade Rio Bonito e a criação de um Centro Municipal de Urgências Médicas no Tatuquara, pois hoje a unidade do Rio Bonito improvisa esse papel”, relata.
Casos
A autoridade sanitária Andréa Ruiz foi uma das vítimas de agressão desta semana. Ela foi atingida de raspão por uma cadeira ao tentar evitar que um homem agredisse a própria esposa. Embora não tenha se ferido gravemente e tenha considerado apenas “uma ocasião da unidade”, a servidora celebrou a presença da Guarda Municipal. “Fica bem mais seguro trabalhar com a Guarda aqui.”
O outro caso foi com o enfermeiro Willian Machado Pimenta, que teve o armário revirado e a carteira roubada. “O menino disse que ia pegar medicamento, entrou na sala e foi surpreendido pela moça da limpeza, que o viu mexendo no armário”, contou.