O único planetário indígena existente no mundo foi construído no Paraná pelo doutor em Astronomia e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Germano Bruno Afonso. Apresentando as constelações indígenas às crianças e adolescentes, o planetário tem percorrido o Paraná e já foi levado para o estado de São Paulo e até para a Espanha. Nos próximos dias, estará no Paraguai.
Resultado de uma pesquisa iniciada em 1990 por Germano, o planetário mostra o céu da forma como ele é visto pelos índios brasileiros. Para construí-lo, o professor visitou cerca de trinta tribos indígenas espalhadas pelo Brasil, conversando principalmente com os pajés das tribos tupi-guarani, que são maioria no País. “Na astronomia ocidental, as constelações estão mais presentes no zodíaco, que é a área por onde passa o sol. Já na indígena, estão na Via Láctea. Assim, as constelações não são formadas apenas por estrelas, mas também por manchas claras e escuras presentes no céu”, explica o professor. “Os índios baseiam quase todo o seu cotidiano e rituais mágicos religiosos na leitura do céu. Dizem que tudo que existe na Terra é retratado no céu, tendo-o como um espelho”.
Enquanto na astronomia do Ocidente existem 88 constelações, na dos índios existem cerca de cem. As constelações indígenas retratam o clima, a flora e a fauna brasileira. “Eles enxergam no céu diversas plantas e animais, como ema, veado, anta, jabuti, cobra, corvo, pássaros, entre muitos outros”, conta Germano. “Os desenhos são simples e bastante fáceis de serem visualizados tanto pelos adultos quanto pelas crianças”.
O interesse do professor pela astronomia indígena começou na infância. Quando criança, ele vivia no Mato Grosso do Sul e convivia com alguns representantes de tribos indígenas. Há cerca de quinze anos, ele resolveu estudar a fundo o assunto e foi daí que surgiu a idéia de construir um planetário para que todas as informações coletadas pudessem ser reunidas e apresentadas.
Os equipamentos do planetário custaram cerca de R$ 200 mil. O empreendimento teve o patrocínio da empresa Vitae de Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social, de São Paulo. As escolas que quiserem que o planetário seja exibido para seus alunos devem entrar em contato com Germano pelo e-mail planetarioindigena@hotmail.com. O preço da exibição varia para escolas da rede pública e particulares.
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