Os calouros aprovados em Direito no Centro Universitário Campos Andrade (Uniandrade) estão apreensivos. Eles temem que a liminar concedida pela Justiça Federal na semana passada, suspendendo as matrículas e o início das aulas, seja possa de fato prejudicar a realização do curso. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraná (OAB-PR), autora da ação contra a Uniandrade, a instituição teria matriculado setecentos acadêmicos de Direito no início do ano e ofertado outras quinhentas vagas no vestibular realizado no último dia 20, enquanto a quantidade homologada pelo Ministério da Educação é de cem vagas anuais. A instituição transferiu as matrículas, que teriam de ser realizadas entre ontem e hoje, para os próximos dias 4 e 5.
“Fiquei muito insegura. Não vou jogar fora mais R$ 500,00 (valor da matrícula) e ainda vou tentar reaver os R$ 70,00 (taxa da inscrição do vestibular). Se eu não conseguir amigavelmente, vou procurar a Justiça”, promete Kelli Martin, de 20 anos, uma das aprovadas em Direito na Uniandrade. Ela conta que tomou conhecimento do caso no último sábado, quando soube que havia sido aprovada. “Fui ver o resultado e logo vi a matéria no jornal, sobre a liminar. Na segunda-feira, liguei para a Uniandrade pedindo informações, e o que me disseram foi para eu não me preocupar, pois a causa estava quase ganha”, lembra.
Intranqüila, Kelli não se deu por satisfeita e ficou em dúvida se cursaria a faculdade ou não. Até que, na quarta-feira, soube que foi aprovada em Marketing, na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). “Direito é o curso que sempre quis, mas não vou trocar o certo pelo duvidoso”, diz, revelando que vai desistir da área jurídica, por enquanto. Ela não esconde, no entanto, a indignação com o centro universitário. “Quem prestou vestibular não estava ciente do que estava acontecendo. Ela (instituição) tinha que ter analisado antes a questão, ter visto a história com o MEC para daí dar uma certeza aos candidatos”, critica. Além do tempo dispensado prestando o concurso, o valor da inscrição e o estresse, Kelli lembra que ainda gastou com o cursinho preparatório. Ela era aluna do Expoente.
A caloura Viviane Aparecida dos Santos, 25, também aprovada no curso de Direito, promete “brigar feio” caso a situação da Uniandrade com a Justiça não se resolva. “Para mim, eu já estava dentro da faculdade. Se eu tiver que fazer um novo vestibular, o negócio vai complicar e a gente vai brigar feio”, comenta. Ela conta que, assim que soube da aprovação, cancelou a matrícula no cursinho Expoente. “Se der algum problema, vou recorrer com certeza”, promete. O caso
Na semana passada, dia 20, a 3.ª Vara Federal, em Curitiba, concedeu liminar suspendendo a realização do vestibular de Direito, que acabou ocorrendo mesmo assim. A liminar, que prevê ainda a suspensão das matrículas, início das aulas, transferência de alunos e retenção das provas do vestibular, sob multa de R$ 5 milhões caso não seja cumprida, foi contestada por advogados da Uniandrade no Tribunal Regional Federal, 4.ª Região, em Porto Alegre (RS).
Na última terça-feira, a desembargadora federal Marg Inge Barth Tessler, do TRF indeferiu o agravo de instrumento interposto pela Uniandrade, mantendo a liminar de suspensão. Diante da decisão, a Uniandrade decidiu transferir as datas de matrículas – que ocorreriam ontem e hoje – para os dias 4 e 5 de julho.
No centro universitário, a informação é de que nem o departamento jurídico nem a reitoria se manifestarão sobre o caso, enquanto o processo estiver correndo.