Uma verdadeira história de pescadores

É certo que os riscos da profissão são quase diários. No entanto, os pescadores Alex da Silva, 28 anos, e Márcio Ramos, 38, de Matinhos, nunca pensaram que um dia pudessem passar quase 24 horas, à deriva, sem a canoa. Também não imaginaram que teriam que nadar quilômetros para serem resgatados. Foi o que aconteceu. Das 6h da última segunda-feira até as 11h de terça, eles ficaram em alto mar – a maior parte do tempo dentro da água.

O barco era de fibra resistente, o motor novo e os pescadores experientes. Os dois primeiros fatores não impediram o acidente. Porém, os anos de contato com o mar e a calma foram decisivos para a sobrevivência deles. Já em casa, com a família, mas ainda muito assustado, Márcio conta que, na última segunda-feira eles puxavam a rede quando, por volta das 12h30, algo atrapalhou a rotina comum de um dia de pesca. ?O tempo estava fechado de chuva e ventava. Veio uma onda tão grande que cobriu a bandeira da proa e nos derrubou. O barco afundou em poucos minutos. Até as 15h ficamos agarrados a uma das bandeiras da rede?, conta. Nesse momento, Márcio lembra que poderia ter sido empurrado para o fundo do mar com a rede que, equipada com âncoras, pesava pelo menos 160 quilos.

?Não poderíamos ficar ali. Resolvemos nadar. Para não afundar, só tivemos tempo de segurar o isopor e o galão do óleo diesel. Nadamos junto até as 20h, quando Alex me disse que não agüentava mais. Ele estava muito fraco. O que fiz foi amarrar o isopor no corpo dele e o amarrar em mim. Com o galão vazio, preso a meu pulso, a partir das 21h eu comecei a puxá-lo. Eu senti muita dor, mas nem ligava. Só queria chegar em algum lugar e tirá-lo do mar. Se eu não fosse uma pessoa calma, eu não chegava?, diz.

Na escuridão, ele conta que às 23h30 teve noção de onde estava. ?Eu enxerguei as luzes e reconheci para que lado ficava Matinhos. Quando clareou um pouco, já amanhecia, por volta das 5h (de terça) eu vi que estávamos próximo da Ilha de Currais?, comenta. Os bombeiros e os irmãos já estavam à procura dos pescadores. Porém, foi um pescador de Ipanema que, por acaso, os encontrou. Já eram 10h40 de terça-feira. ?Ele nos colocou no barco e tocou rápido para a praia, pois viu que o Alex estava mal?, relata Márcio. No Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, desidratados, eles ficaram em observação até a noite.

Busca

Guido, um dos irmãos que saiu na busca, fala sobre a emoção que a família viveu. No barco com Guido estava outro irmão e o filho mais velho de Márcio, Marquinhos. ?Quando eu cheguei no lugar onde eles deveriam estar e vi as bandeiras emboladas, sabia que tinha algo errado. Mexi as bandeiras e o óleo subiu. Na hora, pensei que eles estavam no fundo, com o barco. Fui para trás do barco para não chorar na frente do Marquinhos?, diz. Isso aconteceu já de manhã, na terça, e somente quando foram buscar outro irmão, para ajudar a subir a canoa, alguém ligou e avisou que os dois pescadores tinham sido encontrados. ?Agora ele é nosso irmão mais novo e não o mais velho?, brinca Guido, acrescentando que Márcio nasceu de novo, após ter nadado mais de 40 quilômetros.

Nenhuma pista do policial que sumiu em Itaipu

Andréa Bordinhão

O Corpo de Bombeiros ainda não encontrou o sargento da Polícia Ambiental/Força Verde, da Polícia Militar, Edinan Marques Santana, 39 anos, desaparecido desde terça-feira, após um acidente no Lago de Itaipu. Ele patrulhava perto da Base Náutica de Itaipulândia, a 70 quilômetros de Foz do Iguaçu, acompanhado de mais três policiais em uma lancha. Santana e mais um policial foram arremessados do barco. Os outros dois conseguiram resgatar um dos colegas, que sofreu ferimentos leves na coxa. Santana tentou nadar, mas não conseguiu alcançar a bóia jogada pelos companheiros.

O Corpo de Bombeiros está com equipes de mergulho de Medianeira e de Foz do Iguaçu no local. Segundo o batalhão da Força Verde de Medianeira, os quatro policiais estavam patrulhando as praias artificiais e fiscalizando a pesca de piracema. A polícia ainda está apurando as causas do acidente e também se os policiais usavam coletes salva-vidas. Os companheiros de Santana relataram que acreditam que ele não conseguiu nadar até a bóia em função de algum ferimento. As buscas foram suspensas por volta das 20h e serão retomadas hoje.

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