Uma tonelada de peixes mortos em Matinhos

Moradores e turistas de Matinhos tiveram uma companhia desagradável na sexta-feira à tarde. Na areia da praia, encontraram várias espécies de peixes mortos. Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a temporada de pesca de arrasto do camarão começou no dia primeiro de janeiro e os peixes encontrados são os que acabam presos pelas redes junto com os crustáceos.

Quem decidiu passear pela areia da praia em Matinhos na sexta-feira teve que dividir o espaço com vários peixes mortos. A explicação estava no horizonte. Vários barcos de pesca retiravam do fundo do mar toneladas de camarão e, junto com os crustáceos, eram capturadas pelas redes outras espécies. O material acabou sendo descartado no mar e os peixes mortos vieram para a praia. Segundo o jornalista Marcelo Godinho, ontem de manhã a Prefeitura fez a limpeza da areia. Ele calcula que havia pelo menos uma tonelada de peixes mortos espalhados por mais de dois quilômetros de praia. Uma moradora, que não quis se identificar, acha que a pesca de arrasto deveria ser considerada um crime. ?Tinha várias espécies, desde bagre até robalo. Alguns tinham até 400 gramas, daqui há alguns meses eles estariam grandes para a pesca. É um crime ambiental?, comenta. Ela criticou ainda a indiferença das pessoas. ?Tinha criança brincando com os peixes e adultos jogando bola no meio deles?, diz.

No entanto, do ponto de vista da legislação ambiental nenhum crime foi cometido. O chefe do IAP no litoral, Reginato Bueno, explica que a lei determina o tamanho da malha e a distância da praia em que a pesca deve ser realizada. Se os barcos obedecerem estes critérios, nada pode ser feito, mesmo que muitos outros animais acabem sendo mortos juntos. Segundo Reginato, a malha deve ter 2,5 centímetros para que os filhotes possam escapar – mas, muitas vezes, isso não acontece – e o barco deve estar a pelo menos 2.700 metros da areia da praia. Na última sexta-feira, o IAP fez uma fiscalização e nada de irregular foi encontrado. Ontem outras duas equipes voltaram ao local. ?A lei deveria mudar?, avalia Reginato.

Ele diz que a orientação para os pescadores é que não joguem os peixes no mar, mas tragam para a praia. No entanto, se os trabalhadores não quiserem seguir a recomendação, não existe nenhuma legislação que aplique uma multa, por exemplo. O presidente da Federação da Colônia de Pescadores do Paraná, Edmir Manoel Ferreira, diz que a Federação também recomenda que os pescadores não descartem o material no mar. Ele cita que normalmente os pescadores vendem os peixes na praia e que apenas uma pequena quantidade é jogada na água para os pássaros. Ele não sabe precisar ao certo qual a quantidade de peixes que também é retirada, mas afirma que os pescadores capturam mais camarão do que peixe. ?Por semana pescamos entre 800 a 900 quilos de camarão? fala. A pesca do camarão vai até o mês de outubro.

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