Um artesão da viola que vive da música

"Pedro Gonçalves. Nome artístico, Pedrinho da Viola." Assim se apresenta o músico popular que vive em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba. "Minha especialidade é o chorinho, mas toco de tudo", afirma. Tem três discos gravados, dois em vinil (Pedrinho da Viola e Fusca prata) – da época da extinta Polygram – e um CD independente (Essa mulher é o bicho). Outro aguarda no forno. "Estou quase terminando de gravar", conta o músico. Aos 68 anos, tira seu sustento dos shows que faz em Curitiba.

 "Nasci na Fazenda Mata Burro", conta, rindo. "Apesar disso, não quis morrer por lá. Sou autodidata. Aprendi a tocar com 5 anos." A culpa, afirma, é do pai. Repentista, seu Joaquim Gonçalves comprou um cavaquinho para o filho quando esse nasceu, profetizando: "este guri vai ser músico". Natural de Santo Antônio da Platina, seu Pedrinho foi lavrador durante um bom tempo. Depois, mudou-se para a capital. Aprendeu a profissão de sapateiro e chegou a ser barbeiro. "Nunca deixei de tocar. A música está no sangue", explica. Inspirado em José do Bandolim, largou tudo e se dedicou à paixão.

Começou a compor com 16 anos de idade e já perdeu as contas de quantas composições tem. "Pode colocar que já fiz mais de cem músicas." Afirma que fez sucesso até no Rio de Janeiro. Casado com dona Teresa Lopes Gonçalves, teve dez filhos. "Alguns até viraram músicos", diz. Um tem uma banda em Foz do Iguaçu e outro toca com o pai em apresentações que faz em bares e restaurantes em Curitiba.

Nova paixão

"Costumava viajar muito para fazer apresentações. Mas agora meu hobby me impede", conta. Há cinco anos, seu Pedrinho se dedica a fazer instrumentos, arte que começou a desenvolver há mais de 25 anos. Também aprendeu o ofício sozinho. Num pequeno porão no fundo de casa constrói violas, bandolins, violinos, violões e cavaquinhos. Tudo à mão e sem ajuda. Já tem duas "invenções" patenteadas: a viola pentacampeã, em homenagem à seleção, e a braviola. "Foi um nome que estudei depois. Mas não sei bem o que quer dizer." A diferença desses instrumentos, explica, está no formato, com mais curvas que as violas tradicionais. Seu Pedrinho conta que o som é quase o mesmo. "Apenas sai um pouco mais limpo."

Especializou-se no assunto. Por causa da nova ocupação, foi convidado a fazer exposições em diversas cidades do País. Criou um conjunto e montou uma apresentação musical na qual explica a história da viola. "Além das músicas, as pessoas podem ver as minhas criações", explica. Está construindo uma oficina maior num terreno que adquiriu nos fundos da sua casa, onde pode guardar suas produções. "Além de criar, recebo encomendas e faço concertos em muitos instrumentos. Não tem mais espaço no meu porão."

Pedrinho da Viola acredita que ainda não alcançou o sucesso, apesar de se dizer bem satisfeito com suas conquistas. "Já apareci no Silvio Santos e agora estou querendo ir no Faustão. Vamos ver se volto a fazer sucesso no Rio."

Serviço -Pedrinho da Viola se apresenta com seu quarteto de chorinho todos os sábados, a partir das 12h, no Bar Jabuti. Endereço: Professor Assis Gonçalves, 1.506. Água Verde. Telefone: (41) 229 5054. 

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