Um abrigo antiaéreo no Colégio Estadual

Durante a década de 40 do século passado o mundo viveu momentos de muita tensão, devido à Segunda Guerra Mundial. Mesmo estando muito distante do confronto, Curitiba teve uma particular preocupação, que pode ser materializada no imponente prédio do Colégio Estadual do Paraná (CEP), que supostamente teve um abrigo antiaéreo construído em seu subsolo.

Com a ameaça de uma guerra, também existia o temor de bombardeios no Paraná. Justamente nessa época, construía-se aquele que seria o maior colégio do Estado. Desde 1907, o então Ginásio Paranaense ocupava um prédio da Alameda Doutor Muricy, onde hoje é a Secretaria de Estado da Cultura. Mas o prédio era pequeno, o colégio crescia e se fazia necessário um novo espaço. Em 16 de abril de 1943 foi colocada a pedra fundamental da obra, inaugurada somente em 1950. Segundo a ex-professora de história do colégio, Carmen Lúcia Rigoni, grande parte do subterrâneo do CEP foi construído como abrigo antiaéreo para os alunos e demais civis da capital. “Não havia um abrigo para os civis, só para os militares na Base Aérea do Bacacheri”, contou, destacando que as informações foram descobertas quando ela fez a pesquisa para o Museu do CEP.

Carmen destacou que momentos antes da guerra, os próprios alunos da instituição se engajavam na luta. “Ele iam até as casas das pessoas pedindo chumbo e estanho para servir como material bélico, e borracha para fazer pneus. Depois encaminhavam à 5.ª Região Militar, no Pinheirinho, que mandava para o Rio de Janeiro”, contou, lembrando que o único abrigo que ela tem conhecimento em Curitiba é o do CEP.

Lenda

O diretor do Observatório e Planetário do CEP, José Manoel Ungaretti da Silva, disse não acreditar que o subsolo do colégio foi feito com função de abrigo. Mas confirma que isso já virou uma lenda que faz parte da história do colégio e do Estado. Silva destacou que o projeto arquitetônico do CEP é muito parecido ao da Academia Militar das Agulhas Negras, que fica no município de Resende, no Rio de Janeiro. “O então interventor do Paraná, Manoel Ribas, recebeu a ordem para fazer um projeto quase como o da academia do próprio presidente Getúlio Vargas”, contou.

Hoje o subsolo, que ocupa grande parte do colégio formando um “U”, tem várias funções, como almoxarifado, cantina e escola de arte. “As paredes realmente são muito grossas. Nunca foi usado como abrigo, mas se Curitiba fosse bombardeada acho que o único local que estaria a salvo seria realmente o colégio”, disse, afirmando que tudo não passa de folclore.

A assessoria de imprensa Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II) informou que seu Centro Operacional é subterrâneo, mas não foi construído como abrigo. Podendo, numa eventualidade ser usado como tal.

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