A Universidade Federal do Paraná (UFPR) será a primeira do País a ter um Laboratório de Bem-Estar Animal (Labea). Segundo a professora do curso de medicina veterinária, Carla Forte, depois da Segunda Guerra Mundial os sistemas de criação se intensificaram, causando grande impacto na vida dos bichos. No laboratório serão desenvolvidas pesquisas que melhorem a qualidade de vida dos animais, ao mesmo tempo em que viabilizam a produção.
O Labea foi inaugurado ontem, e é fruto de uma parceria da UFPR e da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, sigla em inglês). Para Carla, a qualidade de vida dos animais pode melhorar muito com as pesquisas. Hoje, são criadas bilhões de aves no Brasil. As que botam ovos, por exemplo, ficam confinadas em gaiolas para facilitar a coleta, e as que são destinadas ao abate têm menos de meio metro de espaço dentro das granjas. Situações semelhantes são verificadas com todos os animais da cadeia produtiva.
Além do espaço, as pesquisas também vão estudar a alimentação e até mesmo a relação do tratador com os bichos. Carla não quis criticar o sistema atual de criação, mas acredita que muita coisa pode ser feita para melhorar o bem-estar dos bichos, sem que as atividades deixem de ser economicamente viáveis.
Mas as pesquisas não serão relacionadas só com as criações. Envolvem outros temas como os animais domésticos e silvestres, vão estudar o problema da superpopulação de cães e gatos nas ruas, e também incentivar o respeito aos animais desde os primeiros anos escolares.
Recente
Pesquisas sobre o bem-estar dos animais são muito recentes no Brasil. Elas surgiram pela primeira vez na Europa, em 1986. “A idéia é traduzir o que já existe sobre o tema e produzir conhecimento aliado à nossa realidade”, diz a professora. No ano que vem a disciplina será optativa para os alunos dos cursos de medicina veterinária e zootecnia. Também vai fazer parte dos cursos de pós-graduação da UFPR.
A professora comenta que estão sendo realizados cursos em várias universidades para capacitar professores para ministrar a disciplina. Ela prevê que em pouco tempo deve fazer parte do currículos de todos os cursos do País. “Vamos ter uma sociedade mais justa para as pessoas e para os animais”, prevê.