Acadêmicos, professores e demais pessoas ligadas às organizações não governamentais (ONGs) estão desde ontem participando do I Encontro da Universidade Federal do Paraná (UFPR) sobre o Terceiro Setor. O evento acontece no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem, e se encerra hoje. A entrada é um quilo de alimento não-perecível.
A professora de Economia e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre o Terceiro Setor (NITS) da UFPR, Ana Lúcia Jansen de Melo de Santana, explica que um dos objetivos do encontro é discutir o conceito da denominação “terceiro setor.” “Existem basicamente dois conceitos: um que entende o terceiro setor como entidades filantrópicas, sem fins lucrativos, que costuma ser utilizado no mundo mais desenvolvido, e outro que é mais abrangente, porque envolve a economia solidária, de cooperativismo”, esclarece.
No Brasil, segundo ela, o termo adotado é o misto dos dois conceitos. “Como a presença do terceiro setor no Brasil é muito recente – cerca de dez anos – existem poucas definições. O terceiro setor no país ainda está em formação. Mesmo a leitura sobre o assunto é muito escassa”, lamenta. De acordo com a professora, entende-se hoje que tudo o que não é da área governamental ou lucrativo é chamado terceiro setor. “O termo acabou se tornando um amplo guarda-chuva. Hoje há a necessidade, porém, de definir melhor”, acredita.
A ausência de um conceito dificulta até mesmo no pedido de verbas ao governo federal para custear pesquisas relacionadas ao assunto. “O CNPq e o Capes, órgãos de financiamento de pesquisas acadêmicas, ainda não têm o tema do terceiro setor como um dos ramos de pesquisa. Está tudo ainda muito nebuloso”, aponta.
Também os dados que relacionam o assunto não são precisos. Segundo a professora, estima-se que o número de ONGs no Brasil oscile entre 200 e 250 mil. “Mas não sabemos se é isso mesmo”, diz. O número de pessoas envolvidas também não é certo. Ana Lúcia estima que cerca de 3 milhões de brasileiros estejam diretamente envolvidos nas ONGs, mas o número de voluntários, acredita, deve ser bem maior.
Como ocorre em qualquer outra área, também no terceiro setor existem pessoas mal intencionadas a ?picaretagem?, ou seja, a mesa redonda promovida ontem contou com a presença de Rosinha Carrion, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maurício Serva (UFPR) e Andrés Falconer, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento e Liderança (ABDL). Hoje haverá apresentação de trabalhos, das 9h às 16h30. (Lyrian Saiki)