A Universidade Federal do Paraná (UFPR) pode promover mudanças no sistema de cotas a partir do próximo vestibular da instituição. Esse será o terceiro ano em que há reserva de vagas para candidatos negros ou que tenham estudado exclusivamente em escolas públicas. As alterações podem acontecer porque as cotas para negros e pardos não foram preenchidas em alguns cursos.
Segundo o coordenador do Núcleo de Acompanhamento Acadêmico da UFPR, professor Robson Tadeu Bolzon, a universidade já conseguiu reunir dados suficientes sobre o desenvolvimento acadêmico dos estudantes que entraram pelo sistema de cotas e o desempenho dos candidatos cotistas no vestibular. Esse levantamento será apresentado ao Conselho Universitário antes dos preparativos de estruturação do concurso deste ano. ?Existem propostas para mudanças e elas serão apresentadas ao Conselho. Já podem acontecer alterações para o próximo vestibular?, afirma.
Enquanto há problema no preenchimento das cotas raciais, o mesmo não acontece com as sociais, destinadas a pessoas que estudaram todas as séries dos ensinos fundamental e médio em escolas públicas. Quando as vagas reservadas para estes casos são totalmente preenchidas, alguns candidatos acabam conseguindo lugar pela concorrência geral, pois atingiram boas notas no concurso.
Para Bolzon, existem diversas explicações para o não preenchimento total das cotas raciais, como a proporção entre os inscritos – o número de candidatos para as cotas raciais equivale a um quinto dos candidatos para as cotas sociais – e a opção de turno – os candidatos precisam trabalhar e por isso não podem estudar durante o dia. ?A escolha por cotas só pode ser feita na 2.ª etapa do vestibular. Então, o candidato precisa de desempenho para passar à próxima etapa e depois chegar na opção pela cota. E esse pode ser um filtro que também esteja influenciando?, comenta o professor.
Nos cursos mais procurados, a reserva de vagas para negros e pardos é completada. No entanto, o mesmo não acontece em outros cursos, como o de Geografia diurno e Arquitetura e Urbanismo. Quando sobram vagas reservadas para os cotistas raciais, candidatos da concorrência geral são chamados para ocupá-las, segundo a classificação.