Com o objetivo de nortear estudos que envolvam questões ligadas ao conhecimento social, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) -em parceria com a Fundação Arquives Jean Piaget da Universidade de Genebra – vem realizando pesquisas com crianças e adolescentes que trabalham vendendo produtos (como balas, chicletes, adesivos, entre outros) nas ruas de Curitiba.
Através de entrevistas, os pesquisadores tentam descobrir até que ponto as crianças têm noção de lucro. A pesquisa teve início em 2003 e deve ser finalizada em 2006. Até agora já foram ouvidas quarenta crianças e adolescentes. "Durante as entrevistas, notamos que não são as crianças e adolescentes que colocam os preços em seus produtos e que a maioria desconhece o curso dos mesmos até que eles sejam vendidos nas ruas", conta a professora de Psicologia da Educação da UFPR, Tânia Stoltz. "Os entrevistados geralmente sabem que o produto deve ser vendido por um preço superior ao que foi comprado. Porém, não sabem o porquê".
Segundo a professora, o fato de as crianças e adolescentes não conseguirem justificar suas respostas pode ser resultado da forma como as questões relacionadas ao lucro são trabalhadas na escola.
"As crianças que vendem produtos nas ruas geralmente têm domínio de subtração e adição, mas não dominam a compreensão do que envolve o lucro. Com isso, elas também podem não saber que estão sendo exploradas ou que seu trabalho está sendo insuficientemente pago", afirma. "As constatações feitas com as entrevistas também fazem crer que muitos adultos estejam na mesma situação, o que pode inclusive ser a causa de muitas falências e concordatas".