O monitoramento das barragens de usinas hidrelétricas se tornou um artifício utilizado em todo o mundo para acompanhar a movimentação da crosta terrestre com a formação do reservatório. Isso ajuda na prevenção de acidentes, que podem estar relacionados com constantes ajustes do muro de concreto às mudanças de temperatura, e com o fato da estrutura não agüentar o peso da água. O processo é realizado antes mesmo da construção da usina e monitorado após a formação do reservatório.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio do curso de Engenharia Cartográfica, em parceria com a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), Laboratório de Tecnologia para o Desenvolvimento Tecnológico (Lactec) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), está realizando atualmente esse tipo de trabalho na barragem da Usina de Salto Caxias, no Rio Iguaçu.
Segundo o professor Pedro Luís Faggion, coordenador da UFPR nesse projeto, o primeiro acompanhamento feito pela universidade aconteceu em 1983, na Usina Governador Bento Munhoz da Rocha, também no Rio Iguaçu. "Isso para determinar a variação vertical da crosta com a formação do reservatório", explica. Na seqüência, o mesmo monitoramento ocorreu na Usina de Segredo, no Rio Iguaçu.
A UFPR trabalha no momento com Salto Caxias, com a verificação do comportamento da barragem em variações sazonais, no inverno e no verão. "No frio, o concreto se contrai. No calor, se expande. A idéia do monitoramento é fornecer informações para a equipe de segurança da barragem sobre essas variações", comenta Faggion. O acompanhamento dessa usina começou em 1996, desde a sua construção. As três barragens citadas apresentaram variações entre 2 e 2,5 centímetros, demonstrando que foram perfeitamente absorvidas. Não há riscos de aumento dessas variações nesses casos.