UFPR interrompe experimento com cães

A denúncia partiu de estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que se indignaram com o suposto experimento planejado para o curso de Odontologia: colocar aparelhos dentários em cães em caráter de teste do aprendizado. Para isso, seis animais foram alojados no laboratório de anatomia do setor de ciências biológicas da universidade. No entanto, a indignação de entidades protetoras dos animais, acionadas a partir de alunos, fez a instituição voltar atrás e interromper o procedimento, que deveria acontecer ainda esta semana. O caso foi parar na Procuradoria da República, mas o coordenador do curso de Odontologia da UFPR, Jayme Bordini Junior, garante que não era esse o objetivo do experimento, que teria sido aprovado antecipadamente pelo Conselho de Ética em Pesquisa Animal da instituição.

Uma estudante, que se identifica apenas como Nina, ficou sabendo da experiência e resolveu visitar os animais. ?Ficamos chocados com a situação em que se encontravam. Presos em pequenas gaiolas, há quase um mês, sem ver a luz do dia. O local é abafado e tem pouca circulação de ar?, conta. As visitas passaram a ser constantes, revezadas entre os colegas, para dar comida e forrar o chão, evitando contato com as fezes. Um dos cachorros, relata, foi separado dos outros aparentando apresentar parvovirose, doença altamente contagiosa entre os animais, e amarrado em uma árvore, sem água, comida ou cuidados veterinários, de acordo com a estudante. ?Agora está em uma caixinha de papelão e estão levando comida para ele.?

Ela relata que, além da colocação do aparelho dentário, pretendia-se fazer um outro estudo com os bichos, o de degeneração tecidual em área de defeitos ósseos a partir da utilização de proteína morfogenética óssea. ?Isso significa utilizar algum tipo de substância que provoca degeneração no tecido ósseo dos animais e em seus dentes?, explica. Segundo Nina, os cães ficariam quatro meses em observação e, depois, seriam sacrificados. Ela diz que os experimentos foram relatados em sala de aula.

O professor Jayme Bordini Junior alega que a intenção não era colocar aparelhos nos dentes dos animais, mas promover um estudo sobre a regeneração óssea nos maxilares dos cães a partir do uso de uma proteína. ?Não se trata de um teste que envolve degeneração, diferentemente do que foi colocado. A própria palavra indica que provoca sofrimento. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da universidade, que avalia a metodologia a ser empregada, se há fundamento científico e se está dentro da ética de manipulação. O animal não pode ter dor ou qualquer sofrimento até o final do experimento?, argumenta o coordenador, negando que os animais estivessem sendo maltratados.

O procedimento foi temporariamente suspenso e o departamento pretende encontrar um outro modelo experimental para os testes. A denúncia deve ser avaliada pela Procuradoria, que solicitará à Polícia Federal uma diligência no local para verificar as condições dos animais e ouvir o coordenador do curso.

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