A Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai utilizar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para compor o resultado final do candidato no vestibular 2009.
O peso do Enem será de 10%, complementando os 90% do concurso. A decisão ocorreu após uma longa reunião na manhã de ontem do Conselho Universitário da UFPR.
As discussões sobre a proposta do Ministério da Educação (MEC) para a utilização do Enem como forma de acesso ao ensino superior estavam acontecendo desde o mês passado. Até o último vestibular, o exame era usado somente como critério de desempate.
No dia 30 de abril, a universidade instituiu uma comissão para formular uma proposta a ser apresentada na reunião do conselho. O MEC abriu a possibilidade de usar o Enem como fase única; como primeira fase do vestibular; fase única para o preenchimento de vagas ociosas; ou combinado com o formato atual do concurso. Nesse caso, o percentual da nota do Enem a ser utilizado ficaria a cargo de cada universidade.
A comissão decidiu, então, utilizar os resultados da prova do Enem para a construção de uma média junto com a nota do vestibular. Na reunião de ontem houve a discussão para o peso de 10% do Enem e 90% do concurso, mas na primeira fase do vestibular da UFPR.
No entanto, a data de divulgação do resultado do Enem, em dezembro, seria muito próxima da segunda fase e não haveria tempo suficiente para computar as notas dos candidatos aprovados na primeira etapa.
Dessa forma, os conselheiros votaram por implantar a adesão neste ano, com a nota combinada, mas já no resultado final do concurso – e não na primeira fase apenas, como havia sido proposto.
Somente o primeiro assunto votado, a adesão ainda este ano, teve uma disputa um pouco mais acirrada: 24 a favor e 13 contra. A nota combinada foi decisão unânime e o peso de 10% do Enem teve apenas um voto contra. Mais detalhes, como dar ao candidato a opção de integrar ou não a nota do Enem ao resultado final, ainda serão discutidos.
O reitor Zaki Akel Sobrinho destacou que a utilização da nota do Enem no resultado final não muda o vestibular da UFPR. “As datas, o sistema, tudo será mantido”, declarou. Mas o reitor adianta que, futuramente, o Enem pode até se tornar a única ferramenta de acesso ao vestibular ou constituir a primeira fase do concurso.
Mudança divide opiniões nos cursinhos
Leonardo Coleto
Nos últimos 13 anos, o processo seletivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi modificado cinco vezes. A principal mudança aconteceu em 2005, quando o vestibular sofreu remodelação que culminou em processo seletivo dividido em duas fases, a primeira de conhecimentos gerais e a segunda composta por uma redação e questões específicas relativas a cada curso.
De acordo com a UFPR, as mudanças sempre acontecem para o bem dos candidatos. Mas como os cursinhos preparatórios vêm essas alterações? Para o diretor-geral do curso Positivo e ex-professor da UFPR, Renato Ribas Vaz, o peso de 10% do Enem na nota final dos candidatos não irá mudar a forma do processo seletivo.
“O programa do novo Enem é muito semelhante ao programa do vestibular da UFPR. Quanto às provas, os alunos não terão dificuldades”, afirma. Já para o diretor do curso Dom Bosco, Ari Herculano de Souza, os alunos terão que se adaptar à prova do Enem se quiserem aumentar suas notas na UFPR. “A principal mudança será no tratamento metodológico dos conteúdos.
Os professores deverão trabalhar cada vez mais na compreensão e visão intertextualizada da questão, assim como é cobrado no Enem”, diz o diretor. Para Vaz, a escolha de 10% foi sábia, no entanto, precipitada.
“Considero extemporâneo fazer essa mudança no vestibular de uma hora para outra. Os candidatos ter&ati,lde;o pouco tempo para assimilar todo o conteúdo até a data”, opina. A alteração divide opiniões entre os vestibulandos.
O candidato Tiago Wasilewski é contra a medida. “Acredito que é um pouco cedo para implantar esse novo sistema num país onde a educação não é unificada”, afirma o estudante, que tenta uma vaga em Medicina.
Já para Allan Jhones Domingos a mudança é válida, mas quando aplicada de forma integrada. “Assim ficaria mais fácil para alunos vindos de outros estados entrar na UFPR”, opina o aspirante ao curso de Psicologia.