UFPR encontra saída para problema da dengue

A solução para o problema da dengue parece estar próxima de ser encontrada. O número de pessoas infectadas no mundo, anualmente, fica entre 50 e 100 milhões, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, somente nos primeiros seis meses de 2004, foram registrados 84.535 casos da doença. Porém, a arma contra o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, está cada vez mais próxima e foi desenvolvida aqui mesmo, em Curitiba. E, modéstia à parte, os envolvidos no projeto revolucionário contam que encontrar a saída foi mais fácil do que se imagina.

?O segredo é conter a larva, não deixar que chegue à fase adulta. Se tem ovo, que não ecloda; se eclodir, que não se torne larva; se isso acontecer que não chegue à pupa e seja um adulto defeituoso?, explica o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Domingos Fontana.

O mais interessante do projeto da estudante da UFPR, Carolina Wandscheer, é que a ?poção? foi desenvolvida a partir da semente de uma planta facilmente encontrada no Paraná: a popularmente conhecida azeitona da Santa Bárbara (Melia). ?É coletada a semente no começo do inverno; molha-se para retirar a parte açucarada da planta, que é rica em caroteno, e no caroço triturado é onde estão os germes que são os grandes atuantes como larvicidas?, esclarece o professor.

A planta é rica em limonóides, responsáveis pela atividade biológica que agem sobre o inseto. Como explica Fontana, o princípio ativo impede que o nutriente se junte para formar a quitina, que compõe as pernas e as asas do inseto. Se o mosquito ficar debilitado não chegará a atingir o alvo.

Além de ser muito eficiente no combate ao mosquito da dengue, o extrato apresenta outras vantagens: não prejudica o meio ambiente nem o homem, pois age exclusivamente sobre o inseto e, o principal, rende bastante. ?A dose letal é muito pequena. É como colocar o peso de dois grãos de arroz do extrato em um litro de água. Você joga em piscinas, tanques, e vai formar uma camada que ou vai impedir que o inseto respire e cometa um suicídio biológico ou aspire o produto e morra?, explica Fontana.

O que falta

O projeto está sendo desenvolvido pelo Departamento de Farmácia da UFPR, em parceria com o Departamento de Agrárias e Zoologia, desde 2001. Atualmente, está protocolado na Unidade de Gestão e Tecnologia, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), à espera de patrocínio para que seja disponibilizado para a população. ?Precisaria de R$ 100 mil ou R$ 200 mil para otimizar a tecnologia, que poderia ser popularizada ou explorada industrialmente, com fins comerciais. Há nicho para os dois casos?, conta o professor da UFPR.

A popularização do produto, como afirma Fontana, depende exclusivamente do governo: ?Como se trata de política de saúde pública, se houver interesse em facilitar o acesso aos produtos, que o governo invista e dê instrumentos?. Caso seja explorado comercialmente, basta que os responsáveis pela tecnologia sejam recompensados. ?Se tiver lucro para deixar rico um empresário, porque não? Desde que os pesquisadores recebam a parte deles?, revela. (Nájia Furlan especial para O Estado)

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