Professores e reitor já se reúnem
para discutir as propostas.

Menos de 10% dos alunos do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) são provenientes de escolas públicas. Já no curso de Geografia, o índice é de 70%. Essa realidade poderá nortear as regras que a UFPR pretende introduzir no próximo concurso vestibular, que irá disponibilizar cotas de vagas no concurso para candidatos afrodescendentes e oriundos de escolas públicas.

As propostas para o sistema de cotas ainda estão sendo discutidas por comissões da UFPR e, até o mês de junho, deverão ser aprovadas pelo Conselho Universitário da instituição. As novas regras passarão a vigorar já no próximo concurso, previsto para o mês de novembro. Segundo o reitor da UFPR, Carlos Moreira Júnior, a portagem dos alunos da universidade provenientes do ensino médio indica a realidade dos últimos três anos da instituição. Com base nesses dados, ele não descarta a possibilidade de fazer um sistema híbrido, ou seja, ofertar mais vagas dentro de sistema de cotas em cursos onde essa categoria de estudantes é menor. “A idéia é ofertar uma quantidade maior de vagas, em Medicina, por exemplo, onde o ingresso de alunos vindos de escola pública é menor. Já a proporção será diferente em Matemática, onde esses alunos são a maioria”, falou.

A proposta de cotas – além de outros assuntos – foi discutida ontem durante uma reunião do Conselho Universitário, que aconteceu no Colégio Estadual São Paulo Apóstolo, no bairro Uberaba, em Curitiba. A proposta da reunião fora da UFPR, afirmou o reitor, foi para aproximar a universidade da escola pública e da comunidade. Moreira disse que o estabelecimento de ensino tem muito a passar em termos de cidadania para os professores e alunos da Universidade Federal. Ele ressaltou que esse tipo de encontro vai acontecer com outras escolas de Curitiba.

Válido

A proposta de cotas no vestibular da UFPR poderá estimular muitos alunos que não pretendiam participar de concurso, “por acharem que estavam em desvantagem com candidatos que tiveram uma preparação mais específica”, avaliou a diretora do Colégio São Paulo Apóstolo, Simone Herrera Natal. Dos 1,5 mil alunos do colégio, noventa estão concluindo o ensino médio. No ano passado, três alunos foram aprovados em universidades públicas. “Agora com as cotas, esse número poderá ser maior”, afirmou Simone.

Para o estudante Marcos Vinícius de Moraes, que está concluindo o ensino médio este ano no Colégio São Paulo, a proposta de cotas vai possibilitar que alunos como ele tenham mais chances de entrar na universidade pública. O mesmo afirma Bruna Franciele de Oliveira, que pensa em cursar Biologia ou Fisioterapia. “Eu vou fazer cursinho no final do ano, mas com as cotas tenho aumentadas em duas vezes as minhas chances”, finalizou.

Vestibular terá outras novidades

Além do sistema de cotas, que ainda está sendo definido pela Universidade Federal do Paraná, o Núcleo de Concursos da instituição já divulgou outras mudanças que farão parte do próximo concurso vestibular. Entre elas estão provas em duas fases, com vestibular vocacionado, e provas de habilidade específica, em cursos como Música, Desenho Industrial e Arquitetura e Urbanismo.

O principal argumento da UFPR para as modificações foi a constatação de que muitos candidatos aprovados tinham dificuldades com a interpretação de textos e conhecimentos em disciplinas afins ao curso, que resultavam em elevados índices de reprovação e evasão. A partir de 2007, provas de Sociologia e Filosofia também deverão ser incluídas no concurso.

Na primeira fase do processo seletivo serão aplicadas provas com oitenta questões de múltipla escolha, divididas entre disciplinas de formação geral – Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia, História, Português e Língua Estrangeira Moderna. Irão para a segunda fase os candidatos melhor classificados, em número que dependerá da relação candidato/vaga no curso de opção. Esse número pode variar de três a seis vezes o número de vagas ofertadas pelo curso.

A segunda fase do concurso terá 50% das questões discursivas. Todos os candidatos farão prova de produção e compreensão de textos, que será uma expansão da atual prova de redação. Nessa fase será introduzido o vestibular vocacionado, onde os candidatos farão apenas as provas que tenham mais identificação com o curso que pretendem cursar. (RO)

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