A falta de conscientização faz com que haja depredação do meio ambiente. |
O município de Morretes, no litoral do Estado, tem um fluxo de turistas o ano todo. Mas no verão esse número aumenta, e a média chega a 30 mil visitantes nos finais de semana, sendo que cerca de cinco mil preferem atividades às margens do rio Nhundiaquara. Como não existe um trabalho de conscientização dos visitantes, muitos problemas estão sendo identificados, principalmente de destruição do meio ambiente.
A especialista em Ecoturismo e coordenadora do Polo Morretes do Programa Melhores Práticas para Ecoturismo, Alessandra Scheider destaca que muitas atividades não são condizentes com o ambiente, pois danificam a mata ciliar, poluem o rio e acabam com a vegetação local. “Todo o final de semana há pessoas acampadas na beiro do rio, e muitos chegam a cortar árvores para fazer fogueira. As condições sanitárias também são precárias, e não existe destinação correta do lixo, que acaba sendo jogado dentro da água”, afirma Alessandra. A especialista comenta ainda que a segurança no local também está comprometida, e é comum encontrar pessoas armadas ou usando drogas. Além disso, existe o problema da poluição sonora, que não só incomoda quem busca tranqüilidade no local, mas acaba afugentando espécies nativas de animais.
A Prefeitura de Morretes iniciou a construção de uma estrutura para recebimento de turistas, que conta com área de camping, sanitários, posto policial e lanchonetes. Mas a obra está atrasada, porque havia sido embargada por uma ação da Organização Não Governamental Rede Amigos das Águas. O diretor executivo da ONG, Jorge Ram alegou que a obra está dentro da área de preservação permanente. Agora a entidade pretende entrar com uma queixa crime para conseguir a demolição do complexo. O secretário de Meio Ambiente de Morretes, Deimival Borba disse que a intenção da Prefeitura com as obras era organizar a visitação ao local, e evitar que continuem ocorrendo a destruição da fauna e flora do município.
“A área de preservação ambiental chega a ser de 80% de todo o município, e o que nós queremos é recuperar a mata ciliar, e dar alternativas para o turista de uma visitação consciente”, disse o secretário. Segundo ele, nos finais de semana seis a sete toneladas de lixo são deixados no local, e boa parte disso só aparece durante as enxurradas.
Mudanças
O secretário Deimival Borba afirmou que várias iniciativas estão sendo desenvolvidas no município para conscientizar a população local sobre a conservação do meio ambiente. Uma dessas iniciativas é a separação do lixo. “Hoje já existe uma associação de carrinheiros que trabalha no recolhimento do material reciclável. Com isso, também retiramos as famílias que trabalhavam na área do aterro sanitário”, contou o secretário.
Para essa temporada, garantiu que será feito um trabalho de conscientização dos empresários que exploram o boiacross – que é a modalidade de descida do rio utilizando como bóias câmaras de pneus – , para a utilização de coletes salva-vidas e capacetes. Com isso, ressalta Borba, querem evitar acidentes que acontecem durante a descida do rio, principalmente durante o fenômeno conhecido como cabeça d?água. “Quando chove na serra o volume de água aumenta, e com isso o rio ganha mais vazão e traz com ele muito galhos de árvores e lixo. Se a pessoa não estiver usando equipamento de segurança, o risco é muito grande”, explicou o secretário.
Outra iniciativa está envolvendo a comunidade local e os donos pousadas instaladas em Morretes. O presidente da Associação das Pousadas, Luiz Cláudio Correia disse que existe um programa que está sendo desenvolvido através do Fundo Brasileiro de Biodiversidade e Embratur que pretende melhorar a qualidade do turismo na região. Com isso, a comunidade está sendo orientada, através de oficinas, a como melhorar o atendimento, e acima de tudo, a preservar o local aonde vivem. Ainda dentro do programa, está sendo promovido o artesanato produzido em Morretes, assim como, envolvendo o monitoramento das associações de guias do próprio local. “Pois turismo não é só lazer. Tem que conhecer a tradição, a beleza, e saber preservar tudo isso”, afirmou Correia.