Turismo no litoral paranaense ainda é forte

O Paraná, apesar de possuir uma faixa litorânea pouco extensa, tem cidades capazes de receber, segundo a Secretaria de Estado do Turismo, mais de um milhão de visitantes na alta temporada, simultaneamente. É desse fator que surge a principal fonte de renda dos municípios (e moradores) da região – com exceção feita a Paranaguá, devido ao porto. Reservas ecológicas, praias e ilhas são o meio de vida de quase toda a população litorânea, que nos últimos verões comemorou ocupações recordes de turistas.

A penúltima parte da série Raio-X do Litoral mostra que, mesmo com alguns problemas, a região, ao menos durante a temporada, atrai muita gente atrás de um bom descanso. A reportagem mostra ainda como anda a pesca, o porto de Paranaguá e a nova Universidade do Litoral, aspectos importantes para o desenvolvimento econômico do litoral do Paraná. O objetivo da série, que se encerra amanhã com as propostas dos candidatos ao governo do Paraná para sanar os problemas da região, é retratar a situação em que se encontra o litoral, trazendo ao leitor um retrato de pontos cruciais que devem estar na agenda do próximo governo estadual.

Foto: Walter Alves/O Estado
Antonina chama a atenção dos turistas pela sua rica história.

?São inúmeras as vantagens para freqüentar o litoral paranaense. Está localizado próximo a Curitiba e a BR-277 (principal acesso), apesar de pedagiada, está perfeita. Se a pessoa vai para Santa Catarina, estatisticamente enfrenta mais acidentes graves na BR-376 e na BR-101?, enumera o empresário Nelson Cotovicz, que mora em Matinhos. ?Mas talvez o diferencial da região é que ela é muito boa para a família?, aponta. Um exemplo disso foi uma operação da Polícia Militar, que durante a última temporada coibiu severamente o som alto vindo de veículos ao longo da orla.

No resto do ano

Foto: Walter Alves/O Estado
No Paraná, Ilha do Mel é um dos destinos mais procurados.

No entanto, a principal característica do turismo no Paraná é a sazonalidade. O grosso do movimento de visitantes ocorre durante o verão, sendo que na baixa temporada a tendência é de ociosidade. ?É justamente isso que precisamos superar. Quando conseguirmos trazer gente para cá durante todo o ano, os empregos e a renda irão se multiplicar?, opina Jaime Luiz Cousseau, presidente da Associação Comercial e Industrial de Pontal do Paraná.

Alternativas de desenvolvimento

Foto: Aliocha Maurício/O Estado

Morro do Cristo é o principal ponto turístico em Guaratuba.

Tentativas para organizar a oferta turística e otimizar todo o potencial receptivo da região já estão sendo feitas. A Secretaria de Estado do Turismo desenvolve um trabalho com as lideranças municipais dentro do Programa de Regionalização do Turismo proposto pelo Ministério do Turismo. A idéia é tratar a região como um todo e desenvolver ações para toda ela. O programa faz com que as praias ofereçam mais profissionalismo, qualidade e boa acolhida aos visitantes.

Para a região de Paranaguá e Antonina, o turismo, apesar de existir, não é o grande gerador de riquezas. Por lá, o Porto de Paranaguá, o principal corredor de exportação de grãos da América Latina, vem sendo fundamental para a estruturação da economia da região. E a receita, proveniente de muitos investimentos, vem crescendo: em 1990, o porto apresentou uma receita cambial de US$ 2,9 bilhões. Doze anos mais tarde, o resultado já era de US$ 4,1 bilhões. Mas a receita cambial gerada de 2002 até 2005 cresceu 122%, atingindo valores de US$ 9,1 bilhões em 2005.

Universidade

Uma das melhorias feitas nos últimos anos na região que mais recebeu elogios entre os entrevistados pela reportagem de O Estado foi a construção da Universidade do Litoral. Nascida de uma parceria entre os governos federal e estadual, o projeto levou até a região a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que atualmente tem um campus em Matinhos. A expectativa é que até 2010 a universidade tenha cerca de 10 mil alunos.

?Não se trata apenas de mudar o círculo vicioso da economia sazonal, mas a implantação da universidade na região gera novas perspectivas de geração de empregos?, opina o presidente da Associação Comercial e industrial de Pontal do Paraná, Jaime Luiz Cousseau. Em 2007, Pontal também ganhará um campus. A Universidade do Litoral também deve viabilizar o desenvolvimento das vocações naturais de Paranaguá, Antonina, Guaratuba, Morretes, Matinhos e balneários.

Sobrevivência pela pesca artesanal

Foto: Arquivo /O Estado
Pesca no litoral do Paraná também precisa de estruturação.

?A pesca no Paraná pode ser caracterizada por uma grande heterogeneidade: de um lado há famílias que ainda sobrevivem da atividade em pequena escala, mas que encontram dificuldades e se acham em uma situação precária de vida; e de outro há a pesca de escala industrial.? A análise é do professor José Milton Andriguetto, do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que faz pesquisas na Baía de Paranaguá.

Ele explica que, de maneira geral, a situação da pesca no litoral se resume em um grande desnível de renda aliada à uma redução significativa nos rendimentos pesqueiros, com alguns estoques no limite de exploração ou até além dele. ?O Paraná tem uma característica interessante sobre seus estoques pesqueiros: eles não são exclusivos. Compartilhamos os recursos com os catarinenses e com os paulistas. Isso colabora para a diminuição dos estoques, considerando que a indústria pesqueira explora sempre as mesmas populações de organismos.?

Hoje, o Estado não possui cifras precisas sobre o volume ou a quantidade de pescado que é comercializado. Para o especialista, os pescadores artesanais estão sujeitos ao mesmo mercado das grandes indústrias, o que acentua a desorganização da atividade. ?Não vejo uma solução a curto prazo. Mas acredito que há dois caminhos a seguir. O primeiro é a geração de alternativas de renda, como os cultivos. Desta forma, no futuro seria possível reduzir o número de pescadores (que estariam trabalhando com outras atividades) e, com isso, haveria uma diminuição sobre os estoques pesqueiros. O segundo é mudar a forma de manejo, com mais participação da comunidade?, aponta.

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