Segundo estimativas da Secretaria de Turismo de Curitiba, cerca de 1,5 milhão de turistas passam pela capital todos os anos. No entanto, esse número é contestado pela Associação Brasileira dos Guias de Turismo (Abgtur), que afirma que não existe um controle dos visitantes na cidade. Assim como não há uma centralização dos equipamentos turísticos em apenas um órgão e os hotéis sofrem com a falta de estacionamento específico para o embarque e desembarque de turistas. Aliado a tudo isso, guias irregulares estão atuando no setor sem qualquer fiscalização.
A presidente da Abgtur, Ivete Fagundes, alerta que essa prática tem sido comum na cidade, desrespeitando a legislação do guia de turismo, cuja profissão é regulamentada por lei. Ela explica que o grupo de turistas que chega à cidade precisa estar acompanhado de um guia nacional e contratar um guia regional para acompanhar o grupo. ?O que vem acontecendo é que esses turistas estão vindo muitas vezes sem guia e, ao chegarem, contratam um profissional não habilitado. E isso vem gerando muitas reclamações, pois esse guia não possui qualificação e informações necessárias, leva as pessoas a locais inadequados, e o resultado é a imagem negativa de Curitiba?, ponderou.
Segundo Ivete, na capital existem 340 guias credenciados pelo Ministério do Turismo (MTur). O preço cobrado pelo trabalho acaba sendo o principal fator para a contratação de guias irregulares. Ivete comenta que, para fazer um city tour em português por meio período, o valor é de R$ 100. ?Os picaretas cobram a metade, mas também prestam um serviço incompleto?, afirmou.
O coordenador regional de Serviços Turísticos do MTur no Paraná, Íon Gaertner Júnior, disse que reconhece esse problema, mas existem dificuldades na fiscalização tanto por falta de pessoal quanto por falta de legislação específica. ?Estamos esperando a aprovação da Lei Geral do Turismo, que dará respaldo à fiscalização?, disse. Hoje, os casos irregulares, diz Íon, são encaminhados para o Ministério Publico ou Polícia Federal, por exercício ilegal da profissão.
Setor defende criação de portal turístico
O diretor administrativo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) do Paraná, José Alfredo Ribas Oliveira, reclamou que os hotéis sofrem com a falta de locais para o embarque e desembarque dos passageiros e que as guias amarelas nem sempre são suficientes. ?O ideal seria construir, nos locais em que for possível, guias recuadas nas calçadas?, falou.
Assim como os hotéis, os principais pontos turísticos da cidade também têm problemas com estacionamentos, afirma Ivete Fagundes, presidente da Abgtur. ?Aliado a isso, o acesso em muitos locais é difícil para ônibus?, falou. Outro problema, diz Ivete, é que nem todos os atrativos estão ligados à Secretaria de Turismo, o que dificulta a comunicação com as empresas e guias. Ela também reclama que eles não recebem informações atualizadas da cidade, nem das programações de eventos culturais.
A presidente da Abgtur disse que o setor defende a instalação de um portal turístico para recepcionar todos os visitantes, que receberiam informações sobre a cidade antes de seguir para os passeios. ?Com isso, poderia se ter um controle efetivo do número de turistas na cidade e até gerar receita para ajudar na manutenção dos locais turísticos?, argumentou. Essas e outras sugestões e reclamações já foram entregues para a Secretaria de Turismo, Câmara de Vereadores e órgãos ligados à Prefeitura, mas segundo Ivete, até hoje não tiveram retorno.
A Secretaria de Turismo de Curitiba informou, através da assessoria de imprensa, que irá tomar conhecimento das reclamações e se manifestar após o recesso de final de ano.