A luta por respeito e maior qualidade de vida faz parte da rotina de pessoas portadoras de deficiências físicas. Ontem, um grupo de homens e mulheres que tiveram membros inferiores amputados se reuniram no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, para trocar experiências. O encontro foi promovido pela Rede Feminina de Combate ao Câncer.
Segundo o presidente da Associação Paranaense dos Amputados, Paulo Sérgio Rosa do Nascimento, de 49 anos, que há três anos perdeu a perna direita em um acidente de moto, o primeiro desafio de quem passa por uma amputação é vencer o próprio preconceito e recuperar a auto-estima. "É um grande trauma, mas a pessoa deve entender que não pode parar e, aos poucos, descobrir que pode levar vida normal."
A aposentada Justine Inês de Melo, 42, que nasceu sem a perna direita e há três anos teve que amputar a esquerda, concorda. "Perder uma parte do corpo é uma experiência bastante difícil. Para mim, que já não tinha uma perna, perder a outra foi muito complicado. Porém, tenho conseguido superar as dificuldades e tocar minha vida para frente."
Atualmente, Justine anda de ônibus, realiza a maioria das atividades domésticas e pensa em começar a jogar voleibol. Porém, ainda a incomoda bastante a falta de infra-estrutura voltada a deficientes físicos nas grandes e pequenas cidades brasileiras. Em Curitiba, por exemplo, ainda existem muitas barreiras arquitetônicas. "Faltam rampas e banheiros públicos, mas o que mais nos incomoda são as calçadas. Na capital, elas são muito irregulares e escorregadias, sendo que é muito comum que pessoas com dificuldade de locomoção se acidentem. Muitas vezes, as soluções são simples e baratas, mas não são implantadas", diz Paulo.