O nascimento das meninas Tainá e Julia, no último dia 3 de outubro, era pra ser uma grande felicidade para suas famílias, mas o que era motivo para comemoração, acabou se tornando preocupação devido a um erro cometido na maternidade. Trocadas logo após os partos, no Centro Médico Comunitário do Bairro Novo, as crianças estavam, até esta semana, sendo cuidadas pelas mães erradas.
Após a comprovação da troca, por meio de exame de DNA, os bebês retornaram às suas verdadeiras famílias nesta quarta-feira (23), mais de um mês após o nascimento. Mesmo com a confusão desfeita, as mães Jucileia da Silva Marques e Juliana Hofmam ainda sofrem com a separação das crianças que já estavam se acostumando a ter como suas filhas.
De acordo com Jucileia, no dia em que as meninas nasceram, a equipe do Centro Médico, administrado pelo Hospital Evangélico, informou que as pulseiras dos bebês estavam erradas e sugeriu que o exame de DNA fosse feito para tirar a dúvida sobre a hipótese de ter ocorrido a troca das crianças. Mesmo existindo essa possibilidade, as famílias decidiram levar as meninas para casa.
“Como falaram sobre as fitas, achamos que era só isso. Não passou pela nossa cabeça que pudesse ser algo tão grave”, comenta a auxiliar de estoque. “Tínhamos certeza que estávamos levando a nossa filha”, completa a outra mãe, Juliana. Quase um mês depois do nascimento das meninas, as famílias receberam o resultado do exame de DNA que comprovou que a troca realmente tinha acontecido. Ainda sem acreditar, as mães pediram um novo exame de DNA, que apontou o mesmo resultado. Só então, elas aceitaram “destrocar” as crianças.
Em nota oficial à imprensa, o Hospital Evangélico afirma que “todas as providências foram tomadas desde o primeiro momento da suspeita de troca, tendo prestado toda assistência aos familiares”. No entanto, o advogado das duas famílias, Ricardo Villanueva, contesta essa declaração. Para ele, além de haver negligência do hospital, que cometeu um erro ao trocar as crianças, a instituição cometeu outras falhas.
“O hospital diz que foram eles mesmo que comunicaram as mães, mas o que aconteceu não foi isso. Apesar de a instituição saber, desde o início, que a troca tinha ocorrido, eles falaram que era só um erro nas pulseiras. Uma das famílias ficou sabendo da possibilidade da troca das crianças por meio de um enfermeiro, que comentou em ‘off'”, conta. O exame de DNA teria sido, portanto, um pedido desta família, não uma sugestão do hospital.
Nova realidade
Depois de as crianças terem sido “destrocadas”, nesta semana, as duas famílias estão se ambientando à nova realidade. Tanto as mães quanto as filhas ainda estranham as mudanças. “Um mês parece pouco, mas se você pensar que aquela criança é sua filha, não é fácil. É uma pena que não possa ficar com as duas, comenta Jucileia. “Vamos tentar não perder contato”, promete Juliana.
Villanueva afirma que já está pensando em estratégias para reparar o erro também judicialmente. “Primeiro, precisamos informar o Ministério Público para que ele tome as devidas providências e identifique os responsáveis pela troca. Depois, estamos cogitando a hipótese de entrar com uma ação contra o hospital para a reparação de danos morais, pelo sofrimento e angústia que as famílias tiveram que passar, e materiais, por não ter havido acompanhamento psicológico e jurídico”.