Trincheira pronta na Rodovia da Uva

Há cerca de dois anos, O Estado publicou reportagem na qual anunciava a construção de uma trincheira no quilômetro 4,5 da Rodovia da Uva, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. A trincheira se localizaria entre as ruas Gustavo Nass e Carlos Luiz Walt e teria como objetivos principais possibilitar o acesso dos ônibus no terminal do Roça Grande – que já foi finalizado, mas não está funcionando ainda – e integrar Colombo a Almirante Tamandaré, outro município da região metropolitana. Na última semana, a reportagem de O Estado voltou ao local e comprovou que a promessa do governo do Estado foi cumprida, embora cause divergências de opiniões entre os moradores e comerciantes da região.

Alguns moradores e comerciantes dizem que a trincheira melhorou o acesso aos bairros localizados dos dois lados da rodovia, principalmente os jardins Guaíra e César Augusto. Mas há ressalvas. “Não adianta fazer a trincheira e deixar as outras ruas por fazer. Eles começam e param, começam e param”, reclama a moradora do Jardim Guaíra Márcia Rodrigues.

Já o comerciante e morador do Jardim César Augusto Márcio Schneider diz que com a trincheira o trânsito melhorou muito, mas reclama que o acesso do bairro à rodovia está muito perigoso e que já aconteceram vários acidentes no trevo. Isso porque quem sai do bairro tem acesso direto apenas para Colombo e, se quiser ir para Curitiba, acaba fazendo uma manobra arriscada para entrar na pista. Sem falar que a faixa existente nesse trevo não é respeitada, uma vez que ele é pequeno, e os caminhões que passam por ali acabam até subindo na calçada para entrar na rodovia.

Outro comerciante que mora bem em cima da trincheira, Valdemar Wosch, relata que perdeu dois mil metros de área de terreno, parte que teve de ser desapropriada para que a trincheira fosse construída. “E ainda falta metade da indenização que me prometeram”, reclama.

A trincheira foi viabilizada pela Coordenação da Região Metropolitana (Comec) e governo do Estado. Foram investidos cerca de R$ 3 milhões. O coordenador da Comec, Alcidino Bittencourt Pereira, afirma que deve ir pessoalmente ao local para verificar o trevo de acesso, do qual os moradores reclamam. Com relação aos outros problemas, ele explica que a trincheira ainda não foi terminada. “Com o início do funcionamento do terminal do Roça Grande deveremos fazer vários ajustes na trincheira”, adianta. Todo o dinheiro da obra foi 65% financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o restante veio do orçamento do governo do Estado.

Terminal ainda não opera

Allan Costa Pinto
Valdir Ricardo: sem funcionar o Roça Grande, viagens ficam mais longas.

Quando foi prometida a construção da trincheira, o governo do Estado informou que ela permitiria o acesso ao terminal do Roça Grande, localizado em frente. Dessa forma, a finalização das duas obras teria que ser ao mesmo tempo. Porém, há cerca de dois anos o terminal foi finalizado e até agora não funciona. E esta é a principal reclamação dos moradores e comerciantes da região. A demora provocou até a intervenção do Ministério Público Federal (MPF), que pediu à Coordenação da Região Metropolitana (Comec) documentos que expliquem o atraso. Porém, o MPF ainda não tem o resultado dessa intervenção.

Para quem depende de ônibus o terminal seria uma grande vantagem. “Minha esposa, que depende de ônibus, pega mais de três pra chegar no centro. Se o terminal tivesse terminado ela pegaria direto para o Cabral e economizaria uma hora e meia. Estou há 25 anos aqui, mas penso em vender a casa”, reclama o morador Valdir Ricardo. Já os comerciant,es acreditam que o terminal incrementaria o movimento. “Sabemos que vai melhorar, mas tem que funcionar logo”, ressalta o comerciante Márcio Schneider.

O coordenador da Coordenação da Região Metropolitana (Comec), Alcidino Pereira, diz que o terminal deve começar a funcionar no início de 2009. Segundo ele, parte do atraso se deve às discussões com a Urbs, que opera o transporte, a respeito da integração dos ônibus. “Mas já estamos acertando tudo”, garante. Com o terminal, a intenção da Comec é diminuir o número de ônibus que chegam ao centro de Curitiba. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões na obra.