O jornal Tribuna do Paraná que integra o Grupo Paulo Pimentel (GPP) – está fazendo aniversário hoje. São 53 anos informando todos os públicos, com ênfase nas notícias policiais e esportivas.
Ao longo de tanto tempo, o desafio maior da Tribuna foi disputar com a agilidade do mundo digital e do rádio: colocar um jornal nas ruas com um olhar interpretativo, e até crítico, com informações diferentes do que o leitor já ouviu nas rádios ou já leu na internet no dia anterior. Outro desafio é tornar o crime, que está banalizado, em algo em mensagem de alerta e informação.
“O nosso leitor é exigente, não quer saber o que os outros veículos disseram no dia da partida de futebol, por exemplo, pois ele já sabe. Ele quer saber se foi ou não foi pênalti e os motivos disso, e não porque o juiz disse que foi pênalti. Ele quer ler uma notícia com análise, e acima de tudo credibilidade, que é a marca registrada do veículo impresso”, afirma o diretor de redação da Tribuna, Rafael Tavares.
E para os jornalistas que escrevem sobre o mundo do crime, a missão também não é nada fácil nos dias de hoje. “Os crimes se avolumaram tanto, que a notícia que chama a atenção hoje não é a mesma que chamava há 40, 50 anos atrás. Antigamente ocorriam poucos homicídios em uma semana, por exemplo. Hoje eles ocorrem todo o dia. Então é preciso analisar o crime, contar uma história para o leitor, só assim nos mantemos atrativos e dignos de credibilidade”, analisa.
E o curioso é que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, grande parte dos leitores da Tribuna pertence à classe B (53%), e não D e E (classes que correspondem a apenas 5% dos seus leitores).
A maioria deles são homens (60%), na faixa etária dos 20 aos 29 anos (27%). 48% possuem o Ensino Médio completo. E o foco do jornal, que são as notícias policiais e do esporte, não deve ser mudado, na opinião de Tavares. “Eu acho que os jornais generalistas podem acabar. Precisamos ter um foco e trabalhar bem isso”, opina.
O diretor presidente do GPP, Paulo Pimentel, diz que a Tribuna é um dos jornais que mais tem se mantido estável em um período tão difícil para a imprensa em geral.
“É um jornal moderno, com notícias curtas, que acompanha a modernidade e a exigências dos leitores. Um periódico popular que atinge todas as classes sociais. Ficamos muito feliz pelo aniversário de 53 anos da Tribuna”, afirma Pimentel.
Veterano fiel à máquina de escrever
Nelson Comel
Arquivo |
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Nelson Comel acompanha a Tribuna desde os primórdios. |
Como era viver a redação da Tribuna nos anos 50? Está aí um belo momento para uma reflexão profunda de um saudosismo que de repente – muito apesar da memória me falhar bastante – desejo recordar.
Com oitenta anos já vividos, dos quais mais de sessenta em redações de jornais e rádios – Tribuna do Paraná, Paraná Esportivo, Gazeta do Povo, Rádio Guairacá, Rádio Colombo, Rádio Capital, Rádio Clube Paranaense, e outros órgãos que já não lembro me parece que o tempo não se esgotou, por enquanto.
A redação da Tribuna nos anos 50, funcionava num velho casarão na Rua Barão do Rio Branco. Para se chegar até lá, subia-se uma longa escada e se passava, pela redação do jornal O Estado do Paraná. A redação da Tribuna era nos fundos e possuía bem menos repórteres que O Estado do Paraná.
Na época, bem diferente dos dias de hoje, era preciso buscar a notícia, enquanto que hoje vem como mingau já preparado, pela internet, através de e-mails e agências de notícias. É tudo informatizado.
Nos idos dos anos 50, era gostoso ouvir o “tec-tec” das máquinas de escrever, a grande ferramenta do jornalista na época, e que, confesso, as uso até os dias de hoje, já que domino muito pouco o tal do computador.
Enfim, é certo que tenho saudades imensas daquele tempo, muito apesar de que hoje, a redação da Editora – Tribuna e O Estado do Paraná – seja uma grande família, formada por pessoas mais amigas que jornalistas. De fato, a profissão de repórter, de jornalista é uma satisfação que não se esgota.
Tecnologia é legal, mas tem que ter repórter bom!
Chris Beller
Anderson Tozato |
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Rotativa moderna: qualidade. |
Não sou tão jovenzinha assim… Quando eu nasci não existia celular. Já vi um telex. Usei fax. E até sei como funcionam impressoras de linotipo, mas confesso que não consigo imaginar a realidade do jornalismo sem os avanços tecnológicos que o meu colega de redação viu surgirem nas últimas décadas.
O Comel que não me ouça, mas a Tribuna onde eu trabalho hoje tem pressa, a pressa típica da notícia que precisa circular e chegar ao leitor de forma objetiva. Ao nosso favor está essa nova tecnologia que facilitou o trabalho de todos.
O computador que eu uso na redação, interligado com o parque gráfico, faz muito mais que a máquina de escrever do Comel – sim, ele ainda tem uma aqui e vez por outra resolve usá-la chamando a atenção de todos nós.
É como se o barulho daquelas teclas evocasse memórias muito antigas e, de repente, a “baia” dele está cheia de gente contando história. É a memória da Tribuna, que está viva não pelo romantismo, mas pela rapidez com que as mudanças chegaram.
Ontem era a máquina de escrever, a radiofoto que levava horas para receber uma imagem internacional, a própria foto do jogo do dia precisava ser revelada num processo lento que não combinava com a urgência de quem precisava dar a notícia e nem com a de quem estava ansioso para ver seu craque em ação. E o stress do repórter?
Ele precisava assistir o final do jogo, entrevistar os jogadores e correr para redação a fim de aplacar a ira do editor, que a essas alturas só esperava a matéria dele para mandar a página pra impressão e decidir a manchete da primeira página. Ninguém merece esse nervosismo em escala crescente…
Não que não exista pressão hoje, mas, se o desespero bater, a gente só precisa de uma tomada. Manda a matéria do laptop, a foto por email, até do celular e a entrevista do craque vai na onda.
“Deixa aí 700 caracteres em destaque que eu já mando a declaração dele”, vai informando, por rádio, o repórter que não quer ouvir o editor chamando insistentemente no celular. Em questão de minutos tudo se resolve. A matéria chega, ocupa seu espaço, é impressa e está pronta para procurar seu leitor.
Graças a tecnologia a gente ganhou mais tempo para apurar as notícias. Ganhamos mais meios de pesquisa também. E está mais fácil entrevistar assim, por email, celular ou videoconferência. Hoje, mesmo que a fonte tenha ido à Bangladesh, é possível que esteja disponível para uma conversa.
Mas não se engane. O que mudou foram as estruturas de trabalho e elas só são de alguma valia para quem tem alguma notícia para compartilh,ar. Por isso jornalista continua sendo artigo de primeira necessidade por aqui e quanto mais esperto melhor.
E esperto é aquele que sabe onde buscar a notícia, que traz o fato novo, que consegue levá-lo ao leitor dentro de um contexto histórico. Esse sempre foi o diferencial da Tribuna.
A gente é líder de venda porque é muito bom no que faz. E desde o tempo em que o Comel era jovenzinho. E lá se vão 53 anos… que venham os próximos cinquenta. A gente promete manter esse pique.
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Time das antigas e a preferência do leitor, em qualquer formato. |